O brasiliense ainda não se acostumou com a mudança da Feira do Livro de Brasília. No segundo ano em que o evento ocorre no Pavilhão ExpoBrasília, no Parque da Cidade, muita gente ainda o associava ao velho endereço: o Pátio Brasil. As estudantes Erika Aires, 19, e Fernanda Rabelo, 17, compararam a relação preço e espaço. ;No Pátio, era um corredor só. Era fácil encontrar o que a gente queria. Porém, os preços dos livros aumentaram muito neste ano;, destacou Erika que gosta de ler títulos infantojuvenis, como a série Harry Potter. ;Em compensação, eles aumentaram bastante a oferta de livros;, notou Fernanda.
Apesar do forte calor na área interna do pavilhão, o professor Conrado Soría, 47 anos, destacou o conforto do local. ;Aqui está melhor para caminhar, sem tantos esbarrões. No Pátio Brasil, era muito apertado.; Soría é uruguaio e mora em Brasília há 18 anos. Durante esse tempo, sempre tenta visitar a Feira do Livro, anualmente. ;Brasília precisa voltar a prestar atenção à Feira do Livro. Ela já foi um evento muito importante para a cidade;, lembrou.
A palavra de ordem é a diversificação das atrações. Nos espaços anexos aos estandes de livros foram montadas exposições, palco para apresentações teatrais, espaço para palestras e autógrafos. Uma das mostras mais interessantes exibe objetos, fotografias e documentos encontrados nos livros doados ao longo de anos para a Casa do Saber. Entre os achados, estão documentos assinados pelo presidente Getúlio Vargas em 1935, 1936 e 1944, além de provas de matemática de estudantes do ensino médio. Entre os 68 estandes, existem espaços destinados a livros, ao artesanato e à gastronomia.
A servidora federal, Gleide Farias, 38, todo ano leva os filhos Pedro, 8, e Isabela, 12, para comprar livros na feira. Ela aprovou a ampliação do foco de atrações, mas fez ressalvas. ;Gostei das oficinas que acontecem durante o dia todo. Quanto ao artesanato, acho legal eles ampliarem da literatura para um espaço cultural mais abrangente. O problema é exagero e a Feira do Livro começar a virar uma mostra de artesanato como outras que o ExpoBrasília abriga ao longo do ano;, opinou.
África-Brasil
O escritor camaronês Boniface Ofogo está acostumado a ouvir, no Brasil, as mesmas perguntas sobre a seleção de futebol de seu país. O país africano se notabilizou no cenário mundial durante campanha bem-sucedida na Copa do Mundo de 1990. ;O futebol é uma árvore que esconde o resto da floresta;, aprendeu a responder educadamente sobre a cultura nacional. Essa é a terceira vez que o escritor vem ao Brasil, a primeira lançando um livro traduzido para o português. Ele veio a Feira do Livro de Brasília para contar histórias no espaço montado pelo Instituto Cervantes e lançar o infantil O leão Kandinga, ilustrado por Elisa Arguilé.
O livro narra a história de um monarca do reino animal tão forte quanto cruel, que termina a vida sozinho, isolado por sua avareza e vaidade. A história se passa em cenário da savana africana. ;Depois das minhas viagens para cá, tomei consciência de que Brasil e África têm uma história em comum. Mas me chateia saber que nossos governos não aproximam os laços entre as várias nações. Nós temos de educar as novas gerações sobre a nossa história em comum;, comentou o escritor. Amanhã, às 20h, Ofogo fará outra sessão de contação de histórias no espaço do Instituto Cervantes.
Eu fui...
"Eu estava passando pelo Parque da Cidade quando vi que estava acontecendo a feira. Parei porque é uma boa oportunidade de comprar livros em promoção. Comprei alguns para dar de presente no Natal e acho que economizei uns 50%"
Érica Leitão, 27 anos, procuradora federal
30; Feira do Livro de Brasília
Até 20 de novembro. Aberta diariamente, das 10h às 22h, no Pavilhão de Exposições ExpoBrasília no Parque da Cidade (Estacionamento 1). Entrada franca. Classificação indicativa livre.