Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Mais madura, Mallu Magalhães lança terceiro álbum


Nada mais natural que em Pitanga, terceiro álbum de Mallu Magalhães, ela soe mais madura do que quando lançou seu disco de estreia. Passaram-se três anos desde então e, de jovem talento revelado pela internet e namorada de Marcelo Camelo, muita coisa aconteceu na vida da cantora paulistana, hoje com 19 anos.

Mallu comenta que os dois primeiros discos foram trabalhos nos quais as referências musicais apareciam de forma mais explícita. Pitanga, ela diz, é o retrato de uma mudança. ;Ele marca essa decisão de a música ser a minha vida, de levar essa carreira com dedicação, determinação e coragem. De fazer esse exercício, esse movimento, de olhar para dentro, valorizar, identificar e intensificar a minha música, a minha autoralidade, o que tem dentro de mim.;

O norte de Pitanga, então, foi a busca de sentimentos e inspirações das mais íntimas, sinceras e diretas. Não à toa, a temática das canções passeia pela vida a dois. O namorado, Marcelo Camelo, além de produtor do disco, é o muso inspirador das composições ; assim como Mallu inspirou as músicas de Toque dela, segundo disco solo dele, lançado em abril.

;São discos que dialogam;, observa a cantora. ;Primeiro porque são discos de compositores que falam muito com o coração. E, naturalmente, falamos neles do nosso relacionamento. Quanto a isso, são discos complementares. E esteticamente, a gente também se mistura.;

Mallu, que teve o primeiro disco produzido por Mario Caldato e o segundo por Kassin, conta que o namorado sempre foi a primeira opção para produzir Pitanga. ;Ele tinha respostas quando eu não tinha. E como instrumentista, trazia ideias complementares que deixavam as músicas muito mais bonitas. A dedicação e a disponibilidade dele chegavam a ser doentias. Às vezes, Marcelo passava horas no estúdio encafifado com alguma coisa. E não é qualquer um que faz isso, é muito raro.;

Coproduzido por Victor Rice, Pitanga tem Mallu e Camelo tocando diversos instrumentos. Amigos como o tecladista André Lima, o baterista Maurício Takara e o multi-instrumentista Kassin estão entre as participações.

CRÍTICA
De coração aberto

Talvez pela juventude, talvez por ter surgido para o grande público como um fenômeno de internet, muita gente não prestou a devida atenção em Mallu Magalhães. O fato é que desde seu primeiro disco a cantora mostrava talento para cantar e compor. O segundo álbum (ambos levam o nome da cantora como título) ampliou e refinou as opções estéticas de Mallu. Pitanga vai além em diversos aspectos. Mallu está usando melhor a voz ; no novo disco, ela optou por um tom mais baixo ; e se livrou de vários cacoetes vocais bastante presentes anteriormente.

Nas letras (oito das 12 em português), Mallu abre o coração e canta sentimentos com total entrega, seja a alegria de Highly sensitive ou a tristeza contida em Por que você faz assim comigo? O folk estilizado do começo foi deixado de lado a favor de rocks suaves, que tangenciam em alguns momentos o samba e a bossa nova. Há uma atmosfera sonora em Pitanga que só pode ser comparada com Toque dela. O que é perfeitamente compreensível e, neste caso, não soa como demérito algum ; o disco parece uma obra que se sustenta por si só. (PB)