Eduardo Dussek agradece à imprensa, que em junho deste ano noticiou fartamente que ele gravaria seu primeiro DVD. Mas faz uma ressalva: ;Já gravei DVD de tudo. De Carmen Miranda, de marchinhas de carnaval, dos Miquinhos Amestrados, de Festa Ploc. Já me chamaram até para um DVD de samba! Eu acho até que já gravei um DVD pornô, mas não tenho certeza porque dizem que eu estava dormindo;, brinca o cantor, que lança agora Dussek é show ; de fato, o primeiro DVD em que ele canta seus hits. ;A gravadora inventou essa história de estreia e caiu como uma bomba na imprensa brasileira. A imprensa é o único órgão que ainda fica horrorizado com alguma coisa. Perguntavam: ;Mas como assim? 30 anos e pouco de carreira e é o seu primeiro DVD?;. Parecia que tinham aberto a tumba de Tutmés III.;
Gravado em 21 de junho no Teatro Oi Casa Grande, no Rio, Dussek é show tem basicamente o mesmo repertório que o artista apresentou, em diferentes temporadas, com o nome de Dussek na sua e Dussek de quinta. Sucessos como Cantando no banheiro, Rock da cachorra e Folia no matagal são revistos em versão voz e piano, entremeados por textos que esbanjam humor irreverente e inteligente, de fazer inveja a qualquer um desses comediantes que têm alcançado a fama na onda da stand-up comedy. Um humor que revela, também, a jovialidade do cantor e compositor carioca, que diz ter perdido a noção da idade ; ;tenho qualquer coisa entre os 50 e a morte;.
Em meio à coletânea de sucessos, Eduardo Dussek incluiu Caso sério, de Rita Lee e Roberto Carvalho, e a nova Marchinha de carnaval (Politicamente incorreta), parceria dele com João Roberto Kelly ; famoso criador de músicas carnavalescas. Nas duas, divide o vocal com Preta Gil. ;Liguei pro Kelly e disse: ;Tenho uma surpresa boa. A Preta Gil vai participar desse babado do DVD e uma das músicas que ela vai cantar é Politicamente incorreta;. Ele respondeu: ;Putz, você não sabe, quando compus com você, me vinha à cabeça Preta Gil;. E falei: ;Eu também, só que era uma coisa meio do inconsciente;;, conta Dussek, para quem a filha de Gilberto Gil é uma coisa ;meio Beyoncé, meio Emilinha Borba;.
Em um dos momentos mais irreverentes do show, Preta muda um trecho da letra da marchinha, que diz ;saio de homem, saio de mulher;, por ;saio com homem, saio com mulher;, e Dussek manda: ;Segura essa deputado!”, numa alusão ao episódio envolvendo o parlamentar Jair Bolsonaro. Aliás, o artista não perde uma chance de alfinetar políticos, e em especial os corruptos. Falando sobre raças de cães, antes de cantar Rock da cachorra, ele afirma que ;poodle é carma;. ;Poodle é gente que na outra encarnação loteava cargos nos ministérios em troca de apoio nas votações. Em Brasília está tendo uma praga de poodle. Diz que tem tanto poodle que estão pensando em convidar minha amiga Vera Loyola para ser presidente do Congresso;, diz, referindo-se à socialite que ficou conhecida por forrar a casa de seu cachorrinho com tapete persa.
Segundo convidado do show, Ney Matogrosso protagoniza o momento mais intimista, e que, nessa revisão de carreira, representa a porção mais cool de Eduardo Dussek ; que, apesar da irreverência, é autor também de pérolas românticas como Aventura, Cabelos negros e Eu velejava em você, todas incluídas no roteiro do show. ;Essa música foi feita, por mim e Luiz Carlos Góes, para o repertório do Ney Matogrosso nos anos 1980. Tem aquela coisa lasciva do Ney, aquela sensualidade. É muito forte isso né? Não é qualquer pessoa que domina;, diz, antes de chamar o convidado para cantar Seu tipo.
Dussek é show também foi lançado em CD e, ao contrário do que ocorre habitualmente nesse tipo de lançamento, um e outro trazem as mesmas músicas ; 18 no total. O bônus de quem adquire o DVD são os saborosos textos que Eduardo Dussek despeja com a naturalidade de quem inventou na hora. ;Detesto improviso. Ou melhor, adoro improviso, mas tem que ser muito bem ensaiado.;
Confira vídeo com Ney Matogrosso e Eduardo Dussek: