Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Projeto Encena trará, até abril de 2012, espetáculos com propostas variadas

Quem acompanha a programação do Teatro Oi Brasília, localizado às margens do Lago Paranoá (Palácio da Alvorada), deve ter percebido: nos últimos meses, o foco se manteve em shows musicais. De agora em diante, a tendência é ampliar o leque. ;Precisamos contribuir com as artes cênicas, oferecendo uma programação teatral de alto nível;, afirma Victor Ribeiro, administrador do espaço. O resultado é o projeto Encena, que até abril de 2012 trará a Brasília, mensalmente, espetáculos consagrados nas bilheterias e com propostas dramatúrgicas variadas.

No mês passado, a estreia do projeto trouxe a atriz e diretora Denise Stoklos, com os espetáculos Mary Stuart e Vozes dissonantes. Neste mês, as meninas do As Olívias palitam fazem sua estreia na cidade (sábado, às 21h). ;Queríamos trazer espetáculos que nunca vieram ou que não eram encenados há muito tempo em Brasília;, conta Cirila Targhetta, programadora artística do teatro. Em dezembro, é a vez de Aqueles dois, espetáculo que discute as relações homoafetivas, baseado em conto homônimo de Caio Fernando Abreu, publicado no livro Morangos mofados. ;A companhia mineira Luna Lunera veio em Brasília durante um fim de semana e fez sucesso. A peça foi montada para ser encenada em uma semiarena e será adaptada para o palco italiano;, conta Cirila.

A primeira atração do ano que vem será O homem que amava as caixas, da Artesanal Cia. de Teatro. Baseada em obra de Stephen King, a trama se vale de adereços como máscaras, caixas e bonecos para colocar uma lente de aumento na relação entre um pai introvertido e seu filho. A trilha sonora minimalista é feita ao vivo pelos atores.

Com 40 anos de carreira, o ator e diretor Celso Frateschi virá ao teatro em fevereiro, com mergulho duplo na obra de Fiódor Dostoiévski. Um deles é a peça O grande inquisidor, que narra o encontro entre Jesus e um padre, e ganha sua primeira versão em solo nacional. Já em Sonho de um homem ridículo, Frateschi, sozinho no palco, revela o drama de um homem que supera a depressão a partir do encontro com uma menina.

Grandes atores
Trazer Gero Camilo era um sonho antigo da equipe curadora do projeto e a oportunidade surgiu também em fevereiro, com a peça A casa amarela. Depois de ler a troca de correspondências entre o pintor Vincent Van Gogh e seu irmão, Théo, Gero decidiu levar aos palcos a ideia do artista holandês, que sonhava com uma casa repleta de artistas produzindo, talvez o primeiro coletivo de que se tem notícia.

Em cartaz há cerca de nove anos, a Poltrona escura, produção com o ator Cacá Carvalho, é uma das atrações de março. Ao unir três contos do dramaturgo italiano Luigi Pirandello, Carvalho abordou a condição humana por diferentes prismas. A empreitada o levou a viajar o mundo com a montagem e, na Itália, chegou a ter como camarim o quarto do próprio Pirandello. No mesmo mês, José de Abreu traz um espetáculo criado especialmente para o projeto. O papagaio de Dilma (em referência ao fato de ter sido enquadrado pela câmeras ao lado da presidenta Dilma Rouseff durante seu discurso de posse) faz uma visita à sua trajetória política.

Encerrando a temporada, os atores Alexandre Borges e Juliana Martins revivem o romance Eu te amo, escrito por Arnaldo Jabor. A versão teatral ganha um toque cinematográfico: estreantes nos tablados, os diretores de cinema Rosane Svartman e Lírio Ferreira transformaram o enredo em um plano-sequência, um filme sem cortes ou edição. O encerramento fica a cargo de Beth Goulart, em Simplesmente eu, que teve estreia nacional em Brasília no palco do CCBB. ;A semelhança entre elas é impressionante;, acredita Cirila.

Sabadão das Olívias
Foram nos corredores da escola de arte dramática da USP, em meados de 2004, que as atriz Cristiane Wersom, Marianna Armellini, Renata Augusto e Sheila Friedhofer formaram o grupo As Olívias. Quem as batizou foi o amigo e também ator Victor Bittow (que logo seria diretor do grupo). ;O nome tinha a ver com o fato de sermos altas e magras;, diz a paulistana Renata Augusto, 35 anos. ;Mais do que isso, para nós, as Olívias, é um conceito, tem a ver com inadequação. Toda mulher quer ser alta e magra, é um padrão de beleza. Mas não adianta ser assim e ser nariguda, desengonçada, como a gente;, brinca Renata.

Depois do sucesso do espetáculo teatral As Olívias palitam, em cartaz desde 2005, o grupo investiu, durante três anos, numa série de vídeos para a internet. Em junho, a série As Olívias estreou no canal pago Multishow. Sheila Friedhofer e Marianna Armellini também estão na televisão em Vida de estagiário, exibida pela TV Brasil. ;Costumamos dizer que o Olívias palitam é um show de humor.

Falamos sobre tudo, apresentamos várias esquetes, paródias musicais, algumas cenas com interação com a plateia, um pouco de improviso;, conta Sheila Friedhofer, 33.


AS OLÍVIAS PALITAM
Teatro Oi Brasília (Brasília Alvorada Hotel, SHTN, Tc. 1, Lt. 1b, Bl. C; 3306-3041). Sábado, às 21h. Direção: Victor Bittow. Ingressos: R$ 30 (preço único). Não recomendado para menores de 14 anos.