Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Trabalhos de Carla Pompeu serão expostos em galerias de Paris e Nova York

O caso de Carla Pompeu era com a vida. De preferência, uma vida alegre colorida. A artista sabia muito bem que o mundo não era lá tão colorido como ela gostaria, mas tratou de construí-lo de acordo com suas próprias fantasias. Nascida em Brasília em 1961, Carla só começou a pintar aos 30 anos, depois de formada em geologia e de uma carreira bem-sucedida em empresa de aviação. Aí, descobriu o universo colorido que hoje a irmã Claudia Pompeu quer revelar ao mundo. Em dezembro, uma tela da artista consagrada a Lisbela e o prisioneiro, um clássico de Osman Lins, participa do Salão Nacional de Belas Artes de Paris. Em 2012, o destino é Nova York. A artista Lêda Maria, curadora da Ward-Nasse Gallery, selecionou cinco telas da série Através da janela para uma coletiva de artistas mulheres. São os primeiros passos de uma tentativa de Claudia para divulgar a obra da irmã, morta em 2008.

Carla cresceu e trabalhou em Brasília, mas no início da década de 1990 decidiu mudar de vida. Largou emprego e carreira, viajou pelo mundo e trocou de cidade. Deixou para trás o concreto brasiliense e se instalou em Arraial d;Ajuda, na Bahia. O colorido das casas da cidade litorânea seduziu a geógrafa, que em poucos anos se tornou pintora. Carla pintou primeiro tabuleiros de gamão com a paisagem urbana local. Depois, passou para as telas. Céu, terra e mar se tornaram temas constantes. Carla gostava de cores e, principalmente, de retratar o cotidiano.

Mercado
Muitas telas concentravam várias referências do dia a dia e do local no qual a artista vivia. São composições na;f, mas Carla nem sequer sabia ser uma pintora do gênero até ver seu trabalho circular no mercado de arte. A combinação do pictórico com o na;f é muito atrativo no exterior, por isso Lêda Maria decidiu realizar a exposição em Nova York. ;Tenho grandes planos para o trabalho dela;, diz. ;É uma obra que me passa seriedade e tem uma pesquisa de cores. As pessoas podem aprender a pintar, mas ser artista é nato e, para mim, Carla Pompeu não era pintora, era uma artista.; E também uma escritora. Carla produziu mais de 30 peças de teatro, entre elas muitas comédias.

Além de Arraial d;Ajuda, pintou Brasília e os arredores. Passou dois anos em São Jorge, na Chapada dos Veadeiros, para registrar as flores do cerrado, e fez uma série de pinturas dedicadas à capital, com paisagens como o Congresso Nacional. A cultura brasileira era outra fonte de inspiração e a irmã da artista ainda possui uma coleção intitulada MPB.

;Ela queria, na verdade, fazer uma instalação, em que as pessoas ouvissem as músicas retratadas;, conta Claudia, que agora se esforça para conseguir patrocínio para o transporte das telas para Paris e Nova York.