Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Leia mais da entrevista com Bernardo Vilhena, curador do CopaFest



Como surgiu a ideia do CopaFest e qual é a proposta do evento?


O CopaFest foi inspirado no Prosper Jam. Um projeto da Carol Rosman que acontecia todas as quartas feiras no Armazém Digital ; uma casa no Leblon que misturava livraria, loja de discos, cinema e um bar com espaço para musica ao vivo. O Prosper Jam tinha um quarteto fixo ; Renato "Massa" Calmon (bateria), Tony Botelho (contrabaixo), Idriss Boudrioua (saxofone) e Marco Tommaso (piano). Toda semana tinha um convidado e por esse palco passaram desde Marcio Montarroyos até um jovem guitarrista de Brasilia, o Pedro Martins. O bacana é que a casa estava sempre lotada de público e de músicos que chegavam pra dar canja. Mas, aí, mudou o controle acionário do patrocinador, os novos sócios não se interessavam por música e depois de quatro anos o projeto foi encerrado. Pouco tempo depois, propus para Carol fazermos juntos um festival só de música instrumental brasileira. Levamos a ideia pra produtora Isabel Seixas, da M;Baraká, que topou no ato. Fui ao Copacabana Palace, eles abraçaram a ideia e estamos aí, chegando à quarta edição, com a proposta de homenagear o músico brasileiro e a música brasileira ; que é a embaixatriz de nossas artes.



Como curador do festival, ao lado de Carol Rosman, que momentos você destacaria nas edições anteriores?


O momento mais emocionante foi no primeiro CopaFest, o show do João Donato com o Paulo Moura. Foi emocionante não só pela qualidade inquestionável dos dois, mas também pela amizade que eu e Carol tínhamos com o Paulo. O início do show do Cesar Camargo Mariano, com ele sozinho no piano, foi arrepiante. O show do Marcos Valle e o do Hermeto Pascoal também emocionaram pela empatia com o público. E teve também a Banda Magnética, um grupo de 12 músicos com idades entre 14 e 23 anos, liderados pelo Zé Luis Oliveira ; saxofonista brasileiro radicado em Nova York, com um histórico de ter tocado em mais de 300 discos no Brasil, que fez arranjos lindos para vários clássicos da música brasileira. Foi importante porque o público viu que a fila dos talentos é grande e está andando.



Quais foram os critérios para a escolha do elenco desta edição?


Nós tinhamos uma grande vontade de trazer o Airto Moreira, pela importância que ele tem na música brasileira e na internacional. O Airto vive há mais de 40 anos nos Estados Unidos e o contato dele com novos músicos é fundamental para transmitir conhecimento e segredos que só podem ser compreendidos através da linguagem da música. Queriamos também trazer o ambiente do baile pra dentro do âmbito do festival, não só pela integração e interação com o público, mas também como forma de homenagear os músicos. Dentro do código que determina critérios de qualidade, talvez o mais importante seja este: quando se diz que alguém "tem baile".