A primeira vez que a mexicana Ximena Sariñana foi vista pelo público brasileiro era o ano de 1999. Aos 11 anos, ela aparecia na tevê como Mariela de la Fuente, uma das principais personagens de Luz Clarita, novela produzida pela Televisa três anos antes e importada pelo SBT. No entanto, ninguém aqui se lembrou da menininha do melodrama quando Ximena, duas décadas depois, se lançou como cantora, com um disco de título e capa tão instigantes quanto o bom pop rock que ele continha ; na capa de Medíocre, a cantora incorpora uma típica dona de casa dos anos 1950, com um bastidor de bordado na mão e olhar distante.
O álbum não repercutiu tanto na América de língua portuguesa, mas rendeu a Ximena um Disco de Ouro no México, três indicações ao Grammy Latino ; melhor novo artista, melhor música alternativa e produção do ano ; e uma ao Grammy norte-americano ; melhor álbum latino de rock. Mais que isso, Medíocre a projetou nos demais países latino-americanos e nos Estados Unidos com tal força que o segundo álbum foi gravado em inglês e planejado para alcançar outros mercados. Inclusive o Brasil, onde o disco ; batizado apenas de Ximena Sariñana ; acaba de ser lançado.
O histórico de atores mexicanos de novelas que se tornam cantores não é animador ; vide Thalía, Verônica Castro e os rapazes e moças do RBD ;, por isso mesmo Ximena Sarinãna, o disco, se torna surpreendente. É desses que ganham o ouvinte à primeira audição, com melodias de fácil assimilação, mas está longe de ser um pop descartável. Nas 11 faixas ; todas assinadas por Ximena com diferentes parceiros ;, ora se ouvem levadas de rock e electro, ora baladas introspectivas como Bringing us down, em que fica evidente uma das influências assumidas da cantora, a norte-americana Fiona Apple. Arrematando, há o ótimo vocal da artista, ao mesmo tempo delicado e seguro, e a impecável produção Greg Kurstin, metade do duo californiano The Bird and The Bee.
Ximena Sariñana, porém, prefere não alimentar expectativas. ;Para muitas pessoas, é meu primeiro disco. Só espero que possam sentir honestidade no álbum;, afirma. Apesar da modéstia, ela não está parada. Em setembro, fez sua primeira incursão profissional pela Europa. Por enquanto, ainda por um circuito alternativo.
Apresentou-se em Paris, Londres, Hamburgo, Barcelona e Madri. ;Amei. Em Paris, tocamos em um clube fantástico, desenhado por David Lynch e recém-inaugurado. O palco era lindo, os drinques, adoráveis e as pessoas, lindas, é claro. Em Londres, tocamos em várias festas, uma delas organizada por duas garotas supercool, chamada The Young and Lost Club. Sempre fico feliz quando encontro garotas da minha idade fazendo coisas bacanas;, conta, em seu blog, uma empolgada Ximena.
Lado atriz
Além de Luz Clarita, Ximena Sariñana atuou nas novelas Maria Izabel (também exibida pelo SBT) e Gotita de amor. Filha do cineasta Fernando Sariñana, ela logo começou a trabalhar no cinema. Tem no currículo oito longas, quase todos sob direção do pai (títulos não lançados no Brasil, como Hasta morir, Todo el poder, El segundo aire e Amar te duele).