Premiado pelo público no Festival de Gramado de 2010, 180; marca a estreia de Eduardo Vaisman na ficção. Entre as dificuldades, ele o "trabalho sutil" para compor uma trama passada ao longo de 8 anos, que tem "alguns mistérios, algumas lacunas e é contada de forma não linear, como num jogo de quebra-cabeças". No centro está um trio de personagens que, inicialmente, se encontraram pelo exercício do jornalismo e passam a se desentender, a partir da publicação de um
livro. O ator Eduardo Moscóvis é um dos vértices do enredo desinteressado em julgar personagens e atos. "Deixamos essa tarefa para a mente do espectador, que é que monta a história", comenta o diretor.
Como é enfocar a classe média, na tela? O espectador perdeu o contato com essa classe?
Vemos pouco a classe média urbana retratada no cinema brasileiro. A dificuldade está em não fazer uma leitura caricata ou superficial, mas sim, um retrato complexo e cheio de antagonismos.
Qual a tua relação com literatura e como ela se apresenta no longa? O tipo de edição valoriza a inovação?
Sou um leitor desde criança. Gosto da vários tipos de narrativas literárias, mas tenho especial prazer em livros que constróem sua história como thriller, levantando sempre questões a serem descobertas pelo leitor. A edição do 180; valoriza e contribui decisivamente para essa narrativa.
Qual tem sido o resultado em termos de público e qual o maior artifício para manter a cumplicidade dos espectadores?
Estamos tendo uma belíssimo resposta do público. Por onde o filme é exibido provoca, de forma prazerosa, o espectador. Já exibimos para públicos bastante diversos, em festivais como os de Havana, Paris, Nova York, Miami e Gramado. Já estreamos no Rio e em São Paulo. Quanto à cumplicidade, acho fundamental respeitar a inteligência do público para estabelecer um bom diálogo.