Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

'Histórias que só existem quando lembradas' leva menção em San Sebastián

O filme "Histórias que só existem quando lembradas", da brasileira Julia Murat, levou uma menção especial do Prêmio Horizontes Latinos, da 59; edição do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, que se encerrou este sábado.

A Concha de Ouro de melhor filme, prêmio máximo da mostra, foi atribuída ao espanhol "Los pasos dobles", de Isaki Lacuesta.

A premiação máxima à fita espanhola surpreendeu, assim como a atribuição do prêmio de melhor diretor para o grego Filippos Tsitos, por "Adikos Kosmos", filme que levou ainda a Concha de Prata de melhor ator com outro grego, Antonis Kafetzopoulos.

O prêmio de melhor atriz ficou com a espanhola Maria león, por sua atuação em "La voz dormida", de Benito Zambrano. A fita japonesa "Kiseki", de Hirokazu Kore-eda, uma das favoritas ao prêmio de melhor filme, teve que se conformar com o de melhor roteiro.

O longa francês "Skylab", de Julie Delpy, que causou ótima impressão no festival, ficou com o prêmio especial do júri.

O argentino "Las acacias", de Pablo Giorgelli, levou o Horizontes Latinos. Nesta seção, duas outras produções latino-americanas ganharam menções especiais: "Histórias que só existem quando lembradas", da brasileira Julia Murat, e "Miss bala", do mexicano Gerardo Naranjo.

O prêmio principal para "Los pasos dobles; causou enorme surpresa, pois o filme, muito pessoal e hermético, fruto da colaboração do diretor com o pintor espanhol Miquel Barceló, dividiu opiniões.

Na trama, Lacuesta e Barceló seguem a pista do artista francês François Augiéras e do cofre cheio de afrescos que supostamente ele enterrou no deserto.

A história de Augiéras, escritor e pintor, mas também um aventureiro que passou muito tempo na África, permite a Lacuesta encadear uma série de cenas e imagens africanas para mostrar Barceló trabalhando e falar da influência africana na obra do artista espanhol.

"Meu filme será entendido", disse Lacuesta, ao receber o prêmio, no centro Kursaal de San Sebastián, onde se celebrou a cerimônia de encerramento da mostra.

"Não sinto amargura pelos críticos que falaram mal do meu filme. Sou muito feliz", emendou.

O prêmio de melhor diretor a Filippos Tsitos consagrou o estranho "Adikos Kosmos", que conta a história de um policial que decide que a justiça é sua máxima aspiração e prefere soltar os criminosos se acredita que agiram levados pelas circunstâncias.

O papel do policial valeu a Concha de Prata de melhor ator a Antonis Kafetzopoulos, enquanto o prêmio de melhor atriz foi para a espanhola Maria León por sua atuação em "La voz dormida", de Benito Zambrano, no qual interpreta uma jovem que precisa ajudar a irmã, detida em uma prisão franquista, na Espanha do pós-guerra.

"Estou muito surpresa", disse, emocionada, a atriz, franca favorita ao prêmio.

A produção francesa "Le Skylab", da diretora Julie Delpy, levou o prêmio especial do júri e o cineasta japonês Hirokazu Kore-eda, cujo filme "Kiseki" era apontado como possível ganhador da Concha de Ouro, teve que se conformar com o prêmio de melhor roteiro.

"Quero compartilhar este prêmio com as crianças que estão agora esperando no Japão. Quando voltar, celebraremos", disse Kore-eda ao receber a estatueta, em alusão aos pequenos protagonistas de sua fita, na qual dois irmãos que vivem separados, um com o pai e outro com a mãe, querem se reunir.

No total, 16 filmes disputaram a Concha de Ouro de melhor filme desta edição do festival de San Sebastián, encerrado após a exibição de gala do filme francês "Intouchables", dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano.

gr/mvv