Sem o terno e os óculos escuros típicos do programa Custe o que custar (CQC), Rafael Cortez é outro. Ao deixar o microfone e as ácidas perguntas aos políticos do Congresso de lado, ele ganha a faceta serena de violonista instrumental. Músico desde os 17 anos (agora tem 34), ele divulga o primeiro CD Elegia da alma, independente, com 15 faixas, todas de sua autoria. ;Optei por ser independente porque eu queria acabar logo com essa história. As gravadoras me receberam pela porta da frente, mas na hora de mover o projeto, elas questionavam: ;Onde o humor vai entrar aqui? Como fazer a coisa divertida?; E não tem como fazer a coisa divertida;, explica.
O disco foi idealizado, dirigido, produzido e financiado por ele. O projeto, 100% autoral, conta com um encarte com 30 fotos e dezenas de textos que contam história do violão e como as composições foram criadas . ;Esse material dará o embasamento para o público conhecer o novo Rafael musical;, explica o músico, que escolheu fazer um processo de finalização mais elaborado para dar ao público um material inédito e desestimular o download e a pirataria.
Outra preocupação do artista foi a polêmica em torno dos outros companheiros de CQC: Rafinha Bastos e Danilo Gentili (a dupla causou indignação do público com piadas preconceituosas). Os comentários podiam ser um empecilho na divulgação do CD, mas Cortez acredita que tanto a imprensa quanto o público souberam distinguir as pessoas. ;Não acredito que as coisas ditas por eles possam influenciar no meu trabalho. Até porque não acredito que as controvérsias criadas possam ser levadas tão a sério. Na verdade, não acredito muito nos dois;, diz, rindo.
Tantas musas
Elegia da alma saiu do forno e já vem em tom de despedida. Para o músico, o disco encerra o ciclo de violão instrumental e abre possibilidades para novos projetos. Um dos desejos dele é ter uma banda de MPB, mas os fãs podem ficar tranquilos, ele ainda será um dos ;homens de preto; de Marcelo Tas por um bom tempo. ;Não atrelo minha música ao CQC e ela não será o fator que desencadeará minha saída do programa;, pontua o músico-jornalista, que tem contrato com a Band até o fim de 2012.
O álbum de estreia também é uma homenagem a pessoas importantes para o artista, como a cantora e violonista Badi Assadi (Badica), a avó (Helena) e a grande musa, Nara Leão (Encantada). ;Todas nasceram de uma forma muito espontânea. A única composição que eu fiz sob encomenda foi para a bailarina Andrea Thomioka e só pude fazer porque eu estava envolvido emocionalmente com ela. A minha inspiração é essencialmente emotiva e foi o que aconteceu com a música que eu escrevi para a Nara. Na véspera, assisti a alguns vídeos dela e quando acordei, peguei o violão e a música saiu quase completa. Foi como um sopro;, revela.