Que os filmes de terror mexem com os nervos e gelam a espinha, disso só os mais corajosos duvidam. Desde A bruxa de Blair (1999), porém, o gênero vem popularizando um estilo cada vez mais amador, doméstico, que tem jeito de flagrante real (veja quadro): supostas gravações perdidas, geralmente deixadas por protagonistas e heróis já mortos, revelam imagens perturbadoras. É para testar a razão dos céticos ; e, na maioria das vezes, a boa vontade dos críticos. Esses vídeos caseiros, alimentados por um potente marketing viral, conseguem boas bilheterias a partir de orçamentos enxutos. Blair custou entre US$ 500 mil e US$ 750 mil e acumulou US$ 248 milhões nas bilheterias. Outro que se aproveitou da moda foi Atividade paranormal (2007): US$ 193 milhões retornados de um gasto de somente US$ 15 mil dólares. Apollo 18, filme que acaba de chegar aos cinemas do mundo todo, tenta ser ainda mais ousado ; com um investimento de US$ 5 milhões. Além de flertar com a ficção científica, transforma fatos em conspirações.
Depois de ter levado o homem à lua, a Nasa, agência espacial norte-americana, cancelou as missões Apollo 18, 19 e 20, nos anos 1970. O principal motivo: os gastos astronômicos. Pois Apollo 18, dirigido pelo espanhol Gonzalo López-Gallego e produzido pelo russo Timur Bekmambetov (O procurado), fornece outras explicações. Segundo o filme, velhas gravações, achadas décadas depois, informam o contrário: em vez de abandonada, a Apollo 18 foi enviada ao satélite natural, com dois astronautas a bordo. E lá eles fizeram descobertas horripilantes, que afastaram o homem definitivamente de novas expedições tripuladas.
A própria divulgação do filme, amparado pelo estúdio The Weinstein Company (de O discurso do rei), teve um quê de verdade, sugerindo um tom documental parecido com o de Cloverfield ; Monstro (2008), que reprisava a destruição de Nova York por uma criatura gigantesca. ;As pessoas sabem que existem segredos sendo escondidos de nós. Veja o WikiLeaks: existem segredos que são verídicos. Não são mentiras;, disse o produtor Bob Weinstein, em entrevista reproduzida pelo portal Entertainment Weekly. ;Nós não filmamos nada. Nós achamos tudo. Achamos!”, completou. É óbvio que ele está brincando; Será?