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George Clooney abre o Festival de Veneza e nega ambições políticas

Roma - O diretor e ator americano George Clooney, um dos astros de Hollywood mais politizados, abriu nesta quarta-feira (31/8) o Festival de Veneza com "The Ides of March", filme sobre os bastidores da política, mas negou ter ambições eleitorais. O quarto filme escrito e dirigido por Clooney, sobre os alcances insuspeitos da corrupção política, inaugura a competição oficial, que tem 22 filmes na disputa. O filme abre o desfile de estrelas do Festival de Veneza.

O drama trata da ambição e dos limites da ética pessoal centrada na face oculta da política, com Ryan Gosling e o próprio Clooney como protagonistas. "Não tenho nenhum interesse em me expor desta maneira. Não quero um posto assim", declarou o cineasta após a exibição para a imprensa de seu filme, que aborda o cinismo e honradez na política. "Não considero um filme político. Como todos os filmes que dirigi é muito pessoal", declarou Clooney.

O longa-metragem foi muito aplaudido durante a exibição para os jornalistas. O filme ilustra os bastidores do poder, com suas intrigas políticas, vinganças, chantagens e assédios sexuais. "É, antes de tudo, um filme sobre a moralidade", afirmou o cineasta, que considera este um tema universal. "Cada país pode entrever o próprio escândalo sexual", declarou Clooney, ao ser questionado sobre o caso do francês Dominique Strauss Khan, ex-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional, que foi obrigado a renunciar ao cargo depois de ter sido acusado de crime sexual. "Eu não dou conselhos a ninguém", comentou Clooney após a pergunta se o filme seria recomendado para o socialista francês.

Clooney, conhecido pela militância no Partido Democrata, já viajou a Darfur para relatar a tragédia não oeste do Sudão e todos os filmes que dirigiu até o momento apresenta um tom político, como "Boa Noite e Boa Sorte", sobre o jornalismo livre. "The Ides of March", uma referência à data correspondente do calendário romano (15 de março) na qual foi assassinado Caio Julio César em pleno centro de Roma, aborda um tema de grande atualidade e tem um elenco excepcional: Ryan Gosling, único ausente em Veneza, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Marisa Tomei, Jeffrey Wright e Evan Rachel Wood. "O público é quem deve identificar Brutus e Caio Cássio", os conspiradores de um dos grandes magnicídios da história durante o império romano.

Durante 10 dias, até 10 de setembro, a mostra se tornará uma vitrine única para trabalhos de diretores renomados da sétima arte, como Roman Polanski, David Cronenberg, Abel Ferrara e Johnnie To. Até a estrela pop Madonna apresentará, fora de concurso, seu segundo filme como diretora, "W.E.". O cinema brasileiro marca presença na mostra "Horizontes", com "Girimunho", dos diretores Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina. O homenageado deste ano no festival será o diretor italiano Marco Bellocchio.