Amarillo é uma das peças mais procuradas" />
Artistas de todos os cantos do planeta aportam na cidade, cenários a postos e bilheterias vendem ingressos a todo momento. Pela décima segunda vez, a rotina (caótica, que o diga a equipe de produção) do Cena Contemporânea se repete. Ao longo dos próximos 13 dias, a plateia de Brasília terá à sua disposição um desfile de 33 produções teatrais, provenientes de todos os cantos do Brasil e ainda representantes da Espanha, Argentina, Itália, México, Austrália, Polônia e Coreia. A maratona cênica será aberta hoje, às 21h, com uma apresentação da peça Sua incelença, Ricardo III, do grupo potiguar Clowns de Shakespeare. Em seguida, será a vez do show de Rita Ribeiro, às 22h30. Toda a programação da noite é gratuita, na Praça do Museu Nacional Honestino Guimarães, do Complexo da República.
Desde a semana passada, no entanto, a corrida pelas entradas para os espetáculos já começou. Durante o almoço e em finais de tarde, ;teatrófilos; e diletantes na programação do festival se aglomeravam diante das bilheterias onde há ingressos disponíveis: foyeur da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, Caixa Cultural e Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), entre as 9h e as 21h. Até o fim da tarde de domingo, muitas sessões, especialmente as de produções estrangeiras, já estavam esgotadas.
Das 14 mil entradas colocadas à venda para o público, cerca de 6 mil, quase metade, já haviam sido compradas até o último sábado. Algumas atrações estrangeiras, como Las tribulaciones de Virgínia, nacionais, como A camponesa, e locais, a exemplo de Pulsações, têm as salas de apresentações lotadas. Para assistir ao espetáculo coreano Darkness poomba restam poucos lugares.
Uma das peças mais procuradas é peça mexicana Amarillo, do Teatro Línea de Sombra. De forma poética, os atores contam as peripécias de um homem que tenta cruzar o deserto, rumo aos Estados Unidos, mas se perde. ;É a primeira vez que apresentamos a peça no Brasil. Já passamos por Colômbia, Peru, Estados Unidos, Coreia, França e México. Entre outubro e novembro, faremos uma turnê por Espanha, França e Bélgica;, destaca Alícia Laguna, integrante da companhia.
Busca pelos estrangeiros
Os engenheiros Gisandra Faria de Paula e José Teixeira foram à bilheteria do Teatro Nacional para garantir dois pares de ingressos para uma das três sessões programadas de Amarillo. ;Já estava acompanhando as notícias há mais de um mês, sobretudo, para ver a produção internacional. O mais interessante do Cena Contemporânea é permitir o acesso de quem não frequenta teatro por causa do preço. É uma oportunidade de conhecer e, uma vez que a pessoa se apaixona, é difícil largar o teatro;, acredita Gisandra.
Quem também focou as expectativas na variedade de espetáculos estrangeiros foi a estudante Isabella Veloso, 23 anos, e o comerciante Victor Parucker, 25 anos. Depois de analisar a planilha de opções, eles se decidiram por uma produção nacional e três vindas de outros países. Do Brasil, verão a produção carioca H3, de Bruno Torres, com enfoque no hip-hop e pegada urbana. Também estarão na plateia de Ni ogros ni princesas, da espanhola Provisional Danza, e Caixa voadora, uma obra infantil, vinda do México. Outra atração escolhida pelo casal é Carson city, peça polonesa, que trata de uma execução em uma cidade americana. ;É um dos festivais mais importantes do país. Ele mobiliza e integra os teatros da cidade, faz os espetáculos circularem;, avalia Isabella.
Mas nem só de teatro internacional é feita a fama do festival. Com uma amiga, a fisioterapeuta Adriana Leite, 42 anos, garantiu 14 entradas para quatro espetáculos da programação: Amarillo, Vida (da Cia Brasileira de Teatro) e duas produções locais: Pulsações, obra sensorial do grupo Teatro do Instante, baseada no universo de Clarice Lispector, e Danaides, nova produção do baSiraH Núcleo de Dança Contemporânea, inspirada no mito grego homônimo. ;É cultura a preço acessível, ótimos trabalhos e atores. A gente quer ver os artistas conhecidos, mas tem muita gente boa no país e na cidade. Há muitos artistas do Distrito Federal participando;, elogia.
[SAIBAMAIS]
Não perça:
Ainda há ingressos para;
RÁ (Ceará)
; CCBB, amanhã, e quinta, às 18h.
Criação do ator cearense Ricardo Guilherme, o espetáculo, escrito em forma de poesia de cordel, apresenta ao público o encenador, pintor, cenógrafo, pianista e aderecista Waldemar Garcia, personagem influente nas artes cênicas de seu estado natal. A montagem também é um tributo ao ator e diretor, B. de Paiva, homenageado desta edição do Cena Contemporânea.Não recomendado para menores de 12 anos.
Vida( Paraná)
; Teatro Plínio Marcos, amanhã, e quinta, às 19h30.
Produção da Cia Brasileira de Teatro, de Curitiba, a peça é resultado de uma pesquisa sobre a obra do poeta Paulo Leminski, No enredo, dois casais, exilados numa cidade imaginária, preparam uma apresentação para celebrar o jubileu do lugar. Não recomendado para menores de 14 anos.
Ni ogros ni princesas (Espanha)
; Caixa Cultural, de amanhã a sexta, às 20h.
Espetáculo da Provisional Danza, baseado na solidão do ser, nas dúvidas, na necessidade de ser escutado. Não recomendado para menores de 12 anos.
Que ruído tan triste es el que hacen dos cuerpos cuando se aman (Argentina)
; Teatro Garagem, de amanhã a sexta, às 20h.
Cinco obras breves e poéticas, de mundos ficcionais variados, trazem para a cena duas personagens que enfrentam conflitos e incomunicabilidade. Não recomendado para menores de 12 anos
Diário de um louco (DF)
; Teatro Goldoni, sábado e domingo, às 19h.
Monólogo do ator Adeílton Lima, é uma adaptação do clássico de Nicolai Gogol, que descreve a vida de um funcionário público na Rússia do século 19. Escrito há 13 anos, o espetáculo volta e meia ressurge nos teatros.Não recomendado para menores de 12 anos.
Uma última cena para lorca (DF)
; Teatro Garagem, sábado e domingo, às 20h.
Dirigida por André Amaro, a peça remonta os últimos dias do poeta espanhol Federico Garcia Lorca. Enquanto é perseguido pelas forças ditatoriais de sue país, ele acerta as contas com os personagens que cria.Não recomendado para menores de 14 anos.