Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Livro conta, em quadrinhos, hitórias de clássicos do cinema


A fórmula de quatro quadrinhos, texto ;curto e grosso; ; mas com humor ; e ilustrações simples voltam às páginas de mais um livro do quadrinista sueco Henrik Lange. Novamente em parceria com o roteirista americano Thomas Wengelewski, o autor disseca várias fitas marcantes do cinema no livro 99 filmes clássicos para apressadinhos. Abrangendo ganhadores do Oscar, sucessos de bilheteria e até mesmo do cult movie e do lado B do cinema, a obra lançada pelo selo Galera Record, traz cerca de 200 páginas de sínteses feitas especialmente para apreciadores da sétima arte e também das HQs, adaptada e traduzida no Brasil pelo cartunista Otacílio d;Assunção, o Ota.

Mais do que sinopse, o livro faz a versão fast reading (leitura dinâmica) de títulos apreciados por cinéfilos como ...E o vento levou (1939), Cidadão Kane (1941) e Psicose (1960). Karatê Kid (1984) abre a seleção, contando em tom irreverente a história do jovem Daniel, que busca aprender o verdadeiro sentido das artes marciais. ;Ele pede a um oriental maluco, o Miyagi, pra lhe ensinar karatê, pra ele poder enfrentar os valentões e poder pegar a garota. Mas acaba virando faxineiro do Miyagi. Daniel derrota o temível Cobra Kai com uma pirueta ridícula, que qualquer um poderia evitar. O Sr. Miyagi devia era ser preso por exploração do trabalho infantil;, destaca o texto dos quadrinhos sobre o filme.

A leitura sarcástica é um aperitivo para quem entende bem o assunto e um guia para os ;apressadinhos; ; como o próprio nome do livro sugere ;, que podem assistir a uma cinemateca inteira em poucas horas de leitura. Entende-se até mesmo o que não daria para compreender assistindo ao filme todo, como o surrealista francês Um cão andaluz (1929). O cine mudo e em preto e branco ganha sentido e até crítica. ;O que acontece quando dois surrealistas bêbados (Luis Buñuel e Salvador Dalí) resolvem fazer um filme? Pra começar, um olho é cortado. Depois vem um monte de cenas sem pé nem cabeça, como um homem arrastando pianos com dois burros mortos amarrados, padres e até a tábua dos Dez Mandamentos. Nada faz sentido. No fim surge um casal, enterrado na areia. Não, esses surrealistas não usavam drogas. De jeito nenhum;.

Zombaria
Tão divertidas quanto o texto são as ilustrações, que tornam o livro ainda mais cômico. Outro aspecto é que o livro não obriga a uma leitura linear: pode abrir em qualquer página, que a risada é garantida. Não serve como uma leitura definitiva, mas amplia o conhecimento sobre cinema com boa dose de praticidade.

Nascido em 1972, em Gotemburgo, o sueco Henrik Lange começou a publicar seus quadrinhos no início da década de 1990, principalmente com histórias inspiradas em sua vida pessoal. A primeira obra a ser traduzida no Brasil foi 90 livros clássicos para apressadinhos, também lançado pela Galera Record, que segue a mesma linha desta HQ. Em parceria com Wengelewski escreveu ainda 99 séries clássicas de TV para apressadinhos, que, como outras publicações da dupla, não tem tradução no Brasil.


99 FILMES CLÁSSICOS PARA APRESSADINHOS
De Henrik Lange e Thomas Wengelewski, 208 páginas. Tradução e adaptação, Ota. Lançamento: Galera Record. Preço: R$ 26,90

[SAIBAMAIS]