Consagrados músicos brasileiros têm participado com frequência de projetos do Clube do Choro de Brasília. Eventualmente, entre os convidados da direção da casa, há jovens e talentosos instrumentistas. A atração desta semana ; de hoje a sexta-feira, às 21h ; é Alexandre Gismonti, violonista que, na companhia do contrabaixista acústico Mayo Pamplona e do percussionista Felipe Cotta, apresenta-se naquele espaço pela primeira vez.
Bacharelando em violão pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexandre conta que o grande aprendizado, em seu ofício, foi obtido nos palcos do Brasil e do exterior ; levado pelo pai, Egberto Gismonti, nome representativo da vanguarda musical no país. ;Tinha 15 anos quando toquei com meu pai pela primeira vez no Rio. Depois disso, eu me apresentei com ele em teatros na América do Sul, na América Central, nos Estados Unidos, na Europa e no Oriente Médio;, lembra.
;Egberto foi gestor do meu contato com a música profissionalmente. Na convivência artística com ele, o interesse pela música foi se intensificando e passou a dar sentido ao trabalho que comecei a desenvolver a partir da adolescência. Tenho profunda gratidão por meu pai, por seus ensinamentos;, afirma. Outras importantes referências para Alexandre são compositores nordestinos de diferentes gerações, entre os quais Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Gilberto Gil e Lenine.
Gilberto Gil, aliás, assina texto na contracapa de Baião de domingo, o primeiro CD solo do violonista, lançado em 2010, pelo selo carioca Fina Flor. No álbum em homenagem a Dominguinhos, ele criou versões personalíssimas para Ainda me recordo (Pixinguinha e Benedito Lacerda), Asa branca (Luiz Gonzaga), Feira de Mangaio (Sivuca) e Saudades da Bahia (Dorival Caymmi).
Ascendência nordestina
;Quis também nesse disco, produzido por Ruy Quaresma, que gravei com meu trio, mostrar meu lado de compositor e incluí no repertório o choro-canção Saudades, Chora Antônio, Arrasta-pé, Forrozinho e o tema-título. Embora seja nascido no Rio, tenho ascendência nordestina muito forte (a mãe dele é a potiguar Rejane Medeiros) e, por isso, o meu gosto por ritmos daquela região;, explica.
Anteriormente, em 2009, Alexandre havia lançado pela gravadora alemã ECM, no Canadá, nos Estados Unidos e na Europa, o CD Saudações, que gravou em duo com Egberto. ;Esse trabalho, que ainda não chegou ao mercado brasileiro, traz músicas inéditas do meu pai, e Chora, Antônio, que fiz e dediquei a meu bisavô, o primeiro compositor da família;, revela.
Entre abril de 2010 e fevereiro deste ano, Alexandre fez uma série de concertos intercalados em teatros do Canadá, dos Estados Unidos e da Inglaterra pelo projeto International Guitar Night, ao lado de outros três violonistas: o norte-americano Brian Gore, o italiano Pino Forrastiere e o inglês Clive Carroll. ;Esse projeto existe há 15 anos e dele já participaram, a convite do idealizador, Brian Gore, os brasileiros Guinga, Marco Pereira e Paulo Belinatti;, diz.
No roteiro do show pelo projeto Clube do Choro do Brasil, Alexandre Gismonti incluiu músicas do Baião de domingo e outros temas, todos com características de estilos brasileiros, harmonicamente bem elaborados e com afinações diferentes. ;Estou na maior expectativa em relação a essa rápida temporada num lugar que conheci e passei a dar importância, assistindo pela tevê a apresentações de grandes músicos. O trabalho didático, realizado pela Escola de Choro, é digno de aplausos;, elogia.
ALEXANDRE GISMONTI TRIO
Show de hoje a sexta-feira, às 21h, pelo projeto Clube do Choro do Brasil, no Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia para estudantes). Informação: 3224-0599. Não recomendado para menores de 14 anos.
Assista o vídeo da música Forrozinho, do Alexandre Gismonti Trio: