Quando a brincadeira de escola virou grupo de teatro, eles ainda não imaginavam o que estava por vir: sucesso, reconhecimento, salas de espetáculo lotadas e uma enxurrada de gargalhadas. Hoje, a trupe de teatro que surgiu nos corredores do colégio Marista e que toda a cidade (e boa parte do país) conhece como G7, completa uma década de existência. ;Marcamos como 3 de agosto de 2001, primeira vez que subimos juntos em um palco;, conta o ator Felipe Gracindo, que divide a cena com os amigos Frederico Braga, Rodolfo Cordón e Benetti Mendes. Para celebrar os 10 anos, eles sobem ao tablado hoje, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, com ingressos a preços promocionais, R$ 10. Mas como já é tradição, a sessão estava lotada no fim da semana passado.
No cardápio da noite, batizada de O melhor do G7, uma seleção de cinco cenas, uma de cada peça do atual repertório do grupo: Como passar em concurso público, Eu odeio meu chefe, Paixão nacional, A comédia como ela é e Manual de sobrevivência no casamento. ;Vamos mostrar fotos, curiosidades, contar histórias de bastidores entre uma cena e outra. Continuaremos em cartaz durante todo o mês, aos sábados e aos domingos, no Teatro La Salle, na 907 Sul;, adianta Cordón. Hoje, também entra no ar a nova página eletrônica do grupo. Mas o endereço é o mesmo: www.simplesmenteg7.com.
A trajetória de sucesso começou um pouco antes, em 1999, quando Frederico Braga e Rodolfo Cordón se encontraram nas aulas de teatro da escola e decidiram montar um grupo. Logo, Cordón lembrou-se do amigo Felipe. O G7 já teve uma menina no elenco (Ana Cláudia), mas ela acabou saindo do grupo, e deixando de presente o ex-namorado: Benetti Mendes. A primeira peça, Baseado em fatos reais, foi escrita por todos os integrantes e fazia uma paródia de notícias bizarras publicadas nos jornais. Foi justamente na primeira sessão dessa peça que surgiu uma das marcas registradas do grupo: sempre cumprimentar a plateia depois da apresentação. ;Acabou a peça e ficou aquele clima: e agora, o que a gente faz? Nossa família e nossos amigos estão todos no foyeur, e a gente aqui, no camarim. Saímos correndo e fomos falar com todo mundo;, conta Felipe.
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Na biografia do G7, o capítulo imprescindível é a peça Como passar em concurso público. Sucesso estrondoso, a montagem está há quatro anos em cartaz, já foi vista por mais de 500 mil pessoas, em mais de mil apresentações, incluindo temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Já são mais de três mil garrafas de sidra abertas, na cena final. ;Essa peça foi o nosso concurso público. A gente poderia viver o resto da vida só dela, mas não quisemos nos acomodar. O que nos levou a fazer teatro foi a necessidade de criar, de mudar o mundo, de falar do nosso comportamento, de passar uma mensagem;, afirma Rodolfo. Os quatro são unânimes ao definir a proposta do grupo: não vale só fazer rir. É preciso levar uma reflexão ao público.
Pesquisa
Para unir a risada a uma abordagem de conteúdo, eles pesquisam muito antes de criar. No caso de Como passar em concurso público, entrevistaram professores, concurseiros de carteirinha e se matricularam em cursos preparatórios, para sentir na pele a tensão de se candidatar a um cargo público. Quando decidiram abordar o tema casamento, foi a vez de ouvir cerimonialistas, homens, mulheres e casais. ;A gente leva muitas coisas da vida real para nossas peças. Ficamos atentos ao que acontece à nossa volta;, afirma Frederico Braga.
A próxima peça estreia em outubro: O advogado que viu Deus e o diabo e voltou para a terra, um espetáculo antigo, reescrito pelo grupo. A missão do momento é conversar com juristas e pessoas ligadas ao mundo do direito, para dar verossimilhança ao texto. A esses depoimentos, somam-se livros, filmes e músicas. No contato com o público, aquele encontro sempre programado no fim de cada sessão, surgem inúmeras sugestões dos espectadores. Administrar esse caldeirão é difícil? ;A peça não é difícil. Difícil é conviver 10 anos, se amando;, brinca Cordón. ;Temos um desentendimento bom. É como um casamento;, completa Gracindo.