Sábado, 16h. A sala 5 do Cinemark no Pier 21 recebia aos poucos as pessoas que chegavam para assistir a Meia-noite em Paris. Boa parte delas estava lá porque os amigos tinham recomendado, e a expectativa era grande. Terminada a sessão, o sorriso no rosto da maioria indicava que a tarde em Paris havia sido, no mínimo, agradável.
Há três semanas em cartaz, o filme de Woody Allen que mais agradou ao público e à crítica nos últimos anos teve 97 cópias distribuídas por 35 cidades brasileiras. Foi o maior número de cópias que uma produção do diretor já recebeu no Brasil ; no primeiro fim de semana, Meia-noite em Paris arrecadou R$ 1,6 milhão no país. Nos Estados Unidos, este é o longa do nova-iorquino que mais faturou nos últimos 25 anos, desde Hannah e as suas irmãs (US$ 40 milhões). Até domingo, tinha chegado a US$ 38 milhões nos EUA ; e a bilheteria mundial estava em US$ 69 milhões.
Em Meia-noite em Paris, a história de Gil Pender (Owen Wilson), um roteirista de cinema que pretende se dedicar à literatura e deixar os blockbusters de lado, encontra-se com a capital francesa. A cidade que habita os pensamentos do escritor não é somente a Paris de hoje, e sim a dos anos 1920, por onde passaram escritores como Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald, compositores como Cole Porter e cineastas como Luis Buñuel. Esses são alguns dos famosos que Gil encontra na viagem à Paris dos seus sonhos, onde gostaria de morar e escrever seus romances à vontade.
Para o médico Aníbal Okamoto, 24 anos, um dos que saíram bastante satisfeitos da sessão, a busca do personagem principal pelo passado viria de uma insatisfação com os valores dos novos tempos. ;Nesse sentido, me identifico, pois esses valores não servem para mim. O universo é muito mais amplo que essa sociedade posta para a gente, essa noção de realidade que a maioria tem;, comentou.
Valéria Dutervil foi ao cinema acompanhada do marido, Alessandro Dutervil. Recém-chegada de Paris, onde esteve para visitar a filha, ela classificou a obra como ;um filme mágico;. ;É o sonho de todo mundo que vai para Paris. Eu gostaria de dar uma passadinha no café Les Deux Magots para ver se ainda tem o clima de Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre. Achei o filme simples, mas com uma leve complexidade. É preciso ter tido uma certa familiaridade com os personagens apresentados;, ponderou a funcionária pública de 53 anos.
O marido de Valéria gostou mais. Achou o longa ;incrível;. ;Você fica com aquele saudosismo de algo que não viveu. Vontade de ter vivido aquela época, de ter sentido aquele clima. O filme consegue passar esse sentimento de forma sublime e delicada;, acredita Alessandro, empresário de 55 anos.
Outro casal que também gostou do filme, e estava lá por indicação de amigos, foi Erich Rabelo e Márcia Domingos. ;Adoro filmes que não contenham violência, monstros, essas coisas. Achei leve, charmoso e encantador. Nos transporta para a atmosfera da Paris de 1920 e é humano, bem diferente dos enlatados de Hollywood;, comparou o funcionário público de 39 anos. ;Depois de Meia-noite em Paris me interessei muito mais pela filmografia de Woody Allen.
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