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Diversão e Arte

O cantor e compositor brasiliense Eduardo Rangel lança CD Estúdio

Eduardo Rangel é um raro artista brasiliense do segmento da MPB que não faz concessão ao cover. No repertório dos seus discos e shows há releituras, mas sempre de músicas autorais. Isso pode ser constatado no CD que vai lançar hoje, às 19h, na pracinha entre o Armazém do Brás e o bar 2; Clichê, na 107 Norte, com show, noite de autógrafos e projeção em telão do making of.

O cantor e compositor, que anteriormente havia lançado Pirata de mim (1998), Eduardo Rangel e Orquestra Filarmônica de Brasília (2006), ambos gravados ao vivo, agora chega com o Eduardo Rangel ; Estúdio, álbum que ganhou registro no Blue Studio, do produtor Guto Graça Melo; no Mixdown (estúdio de Torquato Mariano), no Zaga (do saxofonista Léo Gandelman) e no Audiotech (do tecladista Léo Brandão), todos no Rio de Janeiro. A mixagem tem a assinatura de Ricardo Garcia, considerado top engenheiro de áudio.

;Como seria o meu primeiro disco de estúdio, quis fazê-lo com os melhores profissionais. Quem captou o som, por exemplo, foi o brasiliense Daniel Muzzi, indicado duas vezes para o Grammy Latino, na categoria engenheiro de áudio. A produção musical ficou por conta de Léo Brandão, que assinou os arranjos. O Leo Gandelman e o Ocello Mendonça, violoncelista do Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, criaram os arranjos de sopro e cordas, respectivamente;, conta Rangel.

Estúdio traz 12 faixas, sendo 10 autorais e compostas em diferentes períodos, sendo cinco inéditas: 3426 d.C (que abre o repertório), Cara metade, O clown, Sinsalabim e Abóbada. Já Viúva negra, Copacabana blues , Trim, Bicicleta (considerada um clássico da música brasiliense), Vênnus e Noves fora haviam ganho registro em outros projetos de Rangel; assim como Montanha russa, que entrou como faixa bônus.

;Das músicas do CD, a mais antiga é Bicicleta, que compus em 1993, quando morava no Rio de Janeiro e vivia saudoso de Brasília. Copacabana blues é da mesma época. Gravada por Renata Arruda, foi indicada para 7; edição do Prêmio Sharp de Música, ao lado de composições de Chico Buarque e Paulo Miklos;, lembra o cantor. ;Montanha russa ganhou remasterização, em cima da produção original de Tom Capone. É uma homenagem ao grande produtor brasiliense, morto em Los Angeles, há sete anos, depois de participar da festa do Grammy;, acrescenta.

Autorização
A inclusão de Minha alma, hit do Rappa, é explicada por Rangel: ;Essa é uma canção que gosto muito e a vinha cantando em shows. Para incluí-la no disco, pedi e consegui a autorização do compositor Marcelo Yuka e da Warner, a gravadora da banda. Fiz uma versão bem diferente da original, com um arranjo para piano e violoncelo. Fiquei muito feliz com o resultado;.

Vários dos amigos que Rangel conquistou entre os colegas de ofício marcam presença em Estúdio, como convidados. Vai desde Kiko Pereira (Roupa Nova) a André Vasconcellos, contrabaixista da banda Brasilianos, passando pelo baterista João Vianna (filho de Djavan, ex-banda de Cássia Eller), Rafael dos Anjos (grupo Choro Livre) e Toninho Alves (flauta transversal). Milton Guedes pode ser ouvido assobiando em Bicicleta.

Um público cativo

A carreira de Eduardo Rangel começou a ser construída aos 16 anos, em 1979, ao classificar-se entre os finalistas da Feira Pixinguinha, promovida pela Funarte, com Xeque mate.

A música foi incluída no LP do festival, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, o criador do Projeto Pixinguinha. ;Quando lancei o CD que gravei com a Orquestra Filarmônica, mandei um exemplar para o Hermínio, que me reconheceu como um dos artistas que lançou;, revela.

Embaixada

Entre 1985 e 1995, o cantor se fixou no Rio, num apartamento no Leme, que virou a ;embaixada de Brasília na cidade maravilhosa;. Por lá passaram, como hóspede, vários músicos originários da capital, entre eles, Tom Capone, Milton Guedes, Dunga (esses dois depois fariam parte da banda de Lulu Santos), Márcio Faraco (cantor compositor que hoje brilha na França) e Dentinho (ex-Por do Sol).

;No Rio cumpri seguidas temporadas em casas noturnas da Zona Sul, sempre privilegiando meu trabalho de compositor, e sendo acompanhado por banda de muitos músicos, todos brasilienses;, recorda-se.

Performático, Rangel mantém-se em atividade constante, com shows sempre concorridos. ;Conquistei um público cativo em minha cidade;, comemora.

 

Ouça a música Bicicleta, de Eduardo Rangel: