Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Banda goiana Uó faz sucesso na internet com mistura irreverente

;Vou me vingar de você, vou me vingar de você, vou me vingar de você; é o refrão de Shake de amor, que, em menos de duas semanas no YouTube, virou um sucesso, com cerca de 100 mil visualizações. Os autores da proeza são os goianos da Banda Uó. A música dos novos queridinhos da internet mistura o hit Whip my hair, de Willow Smith, com a batida do tecnobrega e já saiu do mundo virtual, invadindo pistas de dança da cidade.

Shake de amor conta a história de uma menina seduzida por um rockstar e que decide correr atrás de vingança. A letra foi inspirada em um caso bastante conhecido dos brasileiros: o da apresentadora Luciana Gimenez com o cantor dos Rolling Stones, Mick Jagger. ;Fazemos uma referência sutil ao fato, mas é claro que mudamos. O caso dos dois ajudou na hora de começar a pensar a letra;, explica Mateus Carrilho, 21 anos, um dos integrantes do grupo.

Além de Mateus, a Banda Uó é formada pelo músico Davi Sabbag, 21 anos, e a cantora Mel Gonçalves, também de 21. Na verdade, essa é a segunda formação do grupo ; antes, quem dividia o palco com os meninos era a cantora Flora Maria. ;Era para eu estar desde o início, mas estava envolvida em outro trabalho. Um tempo depois, a Flora teve uns problemas de agenda e o Mateus me chamou de novo. Aí topei;, comenta Mel.

A banda surgiu meio que sem querer. Carrilho, que já produzia vídeos, teve a ideia de filmar um material para divulgação de uma festa na cidade. ;Era uma balada com temática brega e pensamos em brincar com isso. Fizemos uma paródia de Teenage dream, da Katy Perry, e gravamos o vídeo. O pessoal gostou, sacamos que era legal e demos continuidade.;

Padrinhos
A virada na história da Banda Uó aconteceu quando o Bonde do Rolê ; grupo que mistura rock e funk ; assistiu a um show deles e decidiu apadrinhá-los. ;Depois da parceria, elegemos Shake do amor como nosso single e decidimos fazer uma produção maior e um clipe. Mesmo assim, o sucesso é inesperado;, afirma Davi Sabbag. O grupo agora pretende lançar um EP no segundo semestre, com cinco versões tecnobrega de canções internacionais.

Uma tendência atual é transformar alguns ritmos mais desconhecidos em algo hype, legal, e colocar para bombar nas pistas de dança. Essa, pelo menos, é a opinião de Sabbag, estudante de música que toca piano desde os oito anos. ;Acho que o sucesso do tecnobrega, e da nossa música, é uma resposta à invasão do pop e do rock americano. As pessoas gostam quando a gente mostra uma releitura com batidas brasileiras;, afirma.

Para Mateus Carrilho, o lado divertido de ritmos como o brega e o axé estava esquecido, pedindo apenas nova roupagem. ;A gente está transformando o brega em uma coisa hype. Sempre tive vontade de trazer de volta alguns ritmos que estavam meio esquecidos. Os produtores musicais vão ao mais popular buscar uma novidade divertida.;

Mel Gonçalves, transexual assumida há quatro anos, também elege a diversão como o principal ingrediente do sucesso da Banda Uó. ;Tecnobrega nem é meu estilo predileto, mas ele é muito animado e isso acaba contagiando o pessoal;, garante.

É ruim, mas é bom
O nome Banda Uó é inspirado em uma gíria que faz sucesso no mundo LGBT. Quando alguém diz que alguma coisa é ;uó;, significa que é muito ruim. A escolha foi uma brincadeira, já que a temática do grupo é o brega. Aliás, ouvir brega e andar com roupa xadrez é o que há de mais hype (legal, moderno, na moda) no momento.

Veja o clipe da música Shake de amor