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Diversão e Arte

Qualquer gato vira-lata traz Cleo Pires dividida entre amor por dois homens

Tati, estudante de direito, tem o coração dividido: deixar-se levar por Marcelo, namorado que decidiu ;dar um tempo;, ou iniciar algo com Conrado, um professor de biologia que reduz os sentimentos humanos a hipóteses científicas (e darwinistas). O triângulo amoroso truncado de Qualquer gato vira-lata, em cartaz na cidade, é comum nos filmes americanos que desembarcam semanalmente por aqui. Mas é novidade para Cleo Pires e o diretor, Tomás Portella. Ela participa pela primeira vez de uma comédia romântica. Ele, assistente de direção, desde 2003, de títulos como Lisbela e o prisioneiro e Meu nome não é Johnny, agora dá as ordens como diretor, numa adaptação da peça Qualquer gato vira-lata tem uma vida sexual mais sadia do que a nossa, de Juca de Oliveira.

A atriz gostou da postura do cineasta. ;Achei firme, segura. Ele é muito sensível, tem inteligência emocional. E uma generosidade, uma vontade de que todos participem e tenham domínio sobre partes do filme. Sempre tenho coisas a falar do personagem, sou palpiteira. E ele recebeu isso com todo o amor. E, ao mesmo tempo, é muito objetivo;, diz a intérprete de 28 anos.

Portella, 32, acredita que a comédia romântica reforça uma vocação ainda não completamente explorada do cinema nacional: a de passear por todos os gêneros e conseguir bons números de bilheteria. ;Você ia à locadora e tinha lá ;ação;, ;comédia; e ;brasileiro;. Era um gênero a mais que a gente tinha inventado. Agora, estamos entrando cada vez mais nos gêneros. Não acho que vai demorar muito para entrarmos em outros tipos, como o terror e o suspense. O público tem respondido bem nos últimos anos;, explica.

A aposta da dupla de produtores Tubaldini Jr., que veio do teatro, e Pedro Rovai, experiente e tarimbado, é obter sucesso seguindo a fórmula que dá certo nos Estados Unidos e aqui: com estrelas, diálogos ágeis e final feliz.

Marcelo, vivido por Dudu Azevedo, e Conrado, papel de Malvino Salvador, são homens que, por obra dos tempos modernos, estão sujeitos às decisões de Tati. Se ela recua, eles ficam perdidos. Se ela avança, sentem-se jogados contra a parede. Sinal de que a mulher está no comando de tudo? Cleo prefere considerar a vida de Tati como uma história particular. ;Não sei se a mulher tomou as rédeas. Numa dinâmica de casal, tem momentos em que você está mais ativo. Com o Conrado, há muita troca. O Marcelo não queria nada com nada;, conta.

Às voltas com uma tese a terminar e uma nova paixão, o biólogo Conrado ainda enfrenta outro problema: Ângela (Rita Guedes, protagonista da peça), a ex, invade sua privacidade quando bem quer. Conrado prepara uma tese curiosa. Segundo sua pesquisa, homens e mulheres comportam-se como a maioria dos animais: o macho é quem escolhe e corteja, a fêmea se exibe, mas fica na dela. E Marcelo, um playboy ocioso, que prefere surfar a procurar trabalho, adora o jogo da conquista. Se a coisa fica séria, ele se afasta. ;O filme fala dessas não regras. Cada caso é um caso. Cada um tem que descobrir o próprio caminho e não se basear pelo reino animal;, comenta Cleo.

Suspense policial
Portella já pensa no próximo projeto, uma fita de ação que deve se chamar BO: Boletim de ocorrência. Depois da experiência com a comédia, ele aposta no nicho que fez de Tropa de elite 2 o filme mais visto da história do cinema brasileiro. ;Gosto de todos os gêneros, tenho vontade de percorrer todos os lados. Minha carreira como assistente foi construída assim, com dramáticos, artísticos, ação, comédia. O próximo é, basicamente, um thriller sobre um grupo de policiais honestos que acabam numa cidade do interior. E eles começam a fechar a cidade inteira, fecham 80% dos bares porque vendem bebida para menor de idade. Prendem o vendedor de DVD pirata;, adianta. O roteiro, escrito com Martina Rupp, vai ser rodado no ano que vem.

Veja trailer do filme