Árvore da vida" />Responsável pelo ingrediente polêmico de Cannes este ano ao declarar simpatia por Hitler, o diretor ;persona non grata; Lars Von Trier não compareceu à premiação e não presenciou o momento em que a atriz Kirsten Dunst, estrela de seu filme Melancolia, arrebatou o troféu de Melhor atriz. O dinamarquês foi banido da festa, mas o desempenho da atriz, visivelmente constrangida durante as declarações de Von Trier, não sofreu preconceito após o episódio. O tema também não ganhou destaque no ato da premiação. Ao receber o troféu, Dunst agradeceu ao júri por ter permitido que o filme continuasse na competição mesmo após a saia justa.
Cotado para o posto de Melhor ator por dar vida a um andrógino roqueiro cinquentão em This must be the place (ainda sem tradução para o português), de Mário Sorrentino, Sean Penn teve seu brilho ofuscado pelo ator francês Jean Dujardin, considerado o melhor pelos jurados. Dujardin protagoniza O artista, uma produção de Michael Hazanavicius, em preto e branco, que presta homenagem ao cinema mudo. Ao subir no palco, o ídolo francês deu uma mostra das habilidades que exercitou na película: fez um pequeno número de sapateado para a plateia. Outra francesa a entrar para a história do festival foi a atriz e diretora Maiwenn Le Besco, que ganhou o prêmio especial do júri pelo documentário Polisse, revelando a realidade do batalhão de proteção de menores de seu país. Emocionada, disse ter prometido à filha não chorar quando fosse receber a honraria.
Não houve consenso no grande prêmio do júri: Once upon a time in Anatolia (também sem título em português), do turco Nuri Bilge Ceylan, e O garoto de bicicleta, dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne dividiram o primeiro lugar. Na coletiva que sucedeu a cerimônia, Ceylan disse que não esperava o reconhecimento do júri, por ter feito um filme ;longo e difícil;.
O diretor escolhido pelos jurados deste ano foi o dinamarquês Nicolas Winding Refn, cujo filme, Drive, havia sido rejeitado inicialmente, por se tratar de um thriller de ação. Footnote, filme do israelense Jospeh Cedar, que relata a rivalidade entre pai e filho nas questões do Talmude, livro da cultura judaica, levou o prêmio de melhor roteiro. Cedar, que se inspirou nos próprios estudos que fez do Talmude, quando frequentou a Universidade Hebraica, foi indicado ao Oscar, em 2007, por seu filme Beaufort, que trata de conflitos entre Israel e o Líbano.
Destinado a cineastas iniciantes, o prêmio Câmera de Ouro ficou com a produção hispano-argentina Las Acacias, de Pablo Giorgelli, que descreve a relação estabelecida durante uma viagem do Paraguai a Buenos, entre um caminhoneiro e a mulher a quem dá carona. O britânico Cross Country, dirigido por Marina Vroda, foi eleito o melhor curta-metragem da edição. ;Acho que fizemos o melhor possível. É muito difícil quando há tantas opções;, admitiu De Niro, pouco antes de anunciar os vencedores.
Vencedores da 64; edição do Festival de Cannes
Palma de Ouro (melhor filme)
A árvore da vida, de Terrence Malick (EUA)
Atriz
Kirsten Dunst, por Melancolia (Dinamarca/ Suécia/ França/Alemanha)
Ator
Jean Dujardin, por The artist (França)
Diretor
Nicolas Winding Refn, por Drive (EUA)
Roteiro
Hearat Shulayim Footnote, de Joseph Cedar (Israel)
Grande prêmio
Empate entre O garoto de bicicleta (Bélgica/França), de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, e Once upon a time in Anatolia (Turquia), de Nuri Bilge Ceylan
Curta-metragem
Cross country (Inglaterra), de Marina Vroda
Prêmio Câmera de Ouro (para diretor estreante)
Las acacias (Argentina/Espanha), de Pablo Giorgelli
Prêmio de júri
Polisse, de Maiwenn Le Besco (França)