Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Restaurantes de Brasília oferecem sobremesas típicas de diversas regiões

O que seria da gastronomia brasileira se não fossem as delícias típicas dos estados? São essas receitas, cuja criação conta com adaptações e influências de outras culturas, que fazem a culinária do Brasil tão rica e diversificada. Quando o assunto são as sobremesas, a variedade é tanta que se torna impossível elencar as mais significativas. Ainda bem que Brasília é uma sopa composta por um pouquinho de cada canto do país. Dessa forma, não há motivo para sentir saudade daquele gosto característico da terra natal. O Correio destacou cinco sobremesas mais que típicas e indica onde saborear as delícias.

Trazida de Portugal para ser acolhida com paixão pelos mineiros, a ambrosia é cercada de lendas que remontam à Grécia Antiga. Conta-se que o doce era o predileto dos deuses do Olimpo. Seu poder era tanto que, se um mortal vendado o saboreasse, ganharia a imortalidade. E se os deuses oferecessem a iguaria a algum humano, ao experimentá-lo, ele sentiria uma felicidade imensa. Prova disso é o nome Ambrósio, cuja raiz significa ;divino e imortal;.

A receita ;sagrada; é preparada com leite, ovos, limão, açúcar e canela. O doce fica com um aspecto texturizado, embora cremoso, como se tivesse passado do ponto. Ficou com vontade de saborear a ambrosia? No Feijão Verde (714 Norte), a delícia é uma das mais pedidas e, segundo o cozinheiro Antônio Oliveira, não precisa ser harmonizada com nada. ;Independentemente do prato comido, a sobremesa sempre cai bem;, acredita.

A partir de uma massa de milho pilada, temperada e cozida em panela especial com vapor d;água, o cuscuz também tem a cara do Nordeste. A versatilidade do prato, no entanto, é o que surpreende. Pode ser feito tanto salgado quanto adocicado. Na Bahia, por exemplo, ela é saboreada com manteiga, para o lanche. Outra possibilidade é acrescentar coco e leite condensado, versão servida no A Capella Café (109 Norte). Alessandra Araújo, proprietária da casa, explica que, dessa forma, o doce fica bem suave. ;Quando o cliente quer, trazemos uma porção de leite condensado à parte;, acrescenta. E, de terça-feira a sábado, o café serve o rodízio da iguaria ; em suas diversas versões regionais ; acompanhada de tapioca.

Obra de arte
Considerado uma obra de arte, fruto de muita paciência, o bolo de rolo é outro sucesso garantido em Brasília. A iguaria, também introduzida no Brasil pelos portugueses, foi reconhecida pela Lei Ordinária n; 379/2007 como patrimônio imaterial de Pernambuco. A massa enrolada, feita com farinha de trigo, ovos, manteiga e açúcar, exige técnica peculiar de preparo, o que a diferencia dos rocamboles, com os quais é muitas vezes comparada. Várias camadas de massa são recheadas com goiabada derretida e enroladas com o auxílio de uma toalha úmida. Durante muitos anos, o bolo ficou restrito aos senhores de engenho, depois aos governadores de Pernambuco, tornando-se popular com o passar do tempo.

No cardápio do A Capella Café, a iguaria é trazida diretamente de Pernambuco ou encomendada de pernambucanas residentes na cidade. O bolo é servido em fatias que podem estar acompanhadas de bolas de sorvete de creme e calda quente de goiabada, quando ganha o nome de Sinfonia. ;Esse bolo é um sucesso, e o sorvete deu um toque a mais, equilibrando o doce;, observa Alessandra.

Outra delícia nordestina, a cartola tem destaque no Mangai (Setor de Clubes Sul, perto da Ponte JK). Feito com queijo, manteiga, canela, açúcar, chocolate em pó e banana-prata, o doce costuma derreter na boca. A proprietária do restaurante, Lorena Maia Tavares, afirma que a banana é frita na manteiga da terra e o queijo vem diretamente da Paraíba. ;São esses detalhes que fazem da sobremesa a cara do sertão;, acredita. O doce é um sucesso, o que faz com que vários estados nordestinos reivindiquem para si sua origem.

Pampas
Gaúcho, o sagu é a sobremesa mais típica dos pampas, feita da fécula da mandioca transformada em pequenas bolinhas. Para dar o ponto certo, Jurema Delavor, proprietária do Flor de Lótus (102 Norte), explica que é preciso deixar o ingrediente de molho, de um dia para o outro, e depois cozinhar em fogo brando. ;Tem que ficar transparente para ficar gostosa;, afirma. Foi em meados de 1950 que a receita ficou famosa no Rio Grande do Sul e se tornou o doce preferido dos italianos da Serra Gaúcha. Hoje, tem presença garantida em todo restaurante do estado.

No Sul, a delícia é cozida com vinho tinto e, a depender do paladar, pode ser adicionado creme à base de leite e ovos, cravo, canela e o que mais a criatividade ditar. Na casa brasiliense, a iguaria leva leite de castanha e, em vez de vinho, suco concentrado de uva. ;Como o restaurante é vegetariano, o leite e o ovo, tradicional cobertura gaúcha, não combinava com os nossos clientes;, diz Jurema.


Variações
O cuscuz é saboreado de diversas formas no Brasil. Na Paraíba, por exemplo, ele acompanha a refeição, como uma espécie de guarnição. Já em São Paulo, dá vida ao cuscuz paulista, espécie de torta com sardinha, ovos, tomate e temperos.


Diferenças
A diferença entre o bolo de rolo e o rocambole é a massa. Enquanto este é feito com o pão de ló, o doce pernambucano é feito com margarina e não leva fermento. O bolo de rolo, que pode chegar a ter 16 camadas, também deve ser enrolado quente, senão a massa quebra. O rocambole é feito com apenas uma camada mais grossa e enrolada com o recheio.