O desafio proposto pelo espetáculo Light, do grupo de dança italiano Katakl;, em cartaz hoje no Teatro Nacional Claudio Santoro, é inusitado. A ideia da diretora Giulia Staccioli é colocar a luz para dançar, tornando esse material abstrato o protagonista do show. Durante a apresentação, os bailarinos funcionam como uma superfície que refrata e reflete a luminosidade, dando vida, movimentos e formas aos feixes disparados pelas lâmpadas.
Toda a composição do espetáculo é usada em benefício da luz, os bailarinos atuam para que ela ganhe o destaque, o centro do palco. Os integrantes do grupo se apresentam interagindo o tempo todo com a luminosidade. Em Light, a luz que é intocável ganha uma materialidade, passa a ser algo concreto, desde o momento em que é projetada no corpo deles. ;Quando vejo o show, penso que é inacreditável como o corpo dos dançarinos pode se misturar às cores e às luzes. Eles viram camaleões, algumas vezes são seres humanos e outras são apenas luz, completamente abstratos. Eles viram uma peça de gelo ou de ouro. Eles deixam de ter corpos, ou serem pessoas, eles viram o cenário;, explica Staccioli.
A diretora reconhece que não se trata de um conceito fácil de se explicar. A italiana Giulia Staccioli, que também é fundadora do Katakl;, afirma que Light é uma apresentação diferente das outras desenvolvidas pelo grupo. ;O show usa a linguagem de dança característica do Katakl;, misturando movimentos do atletismo, da acrobacia e da dança moderna. Mas nós realizamos a performance em um palco completamente iluminado. Mostramos uma visão diferente da luz, tão colorida, tão brilhante. Mistura o branco com o preto, a luz com a escuridão. As coreografias do show são visões sobre a luz.;
Dança-esporte
A mistura entre dança e movimentos mais esportivos é uma marca registrada do Katakl;. Afinal, o grupo é formado por ex-atletas, jovens campeões mundiais e olímpicos. No entanto, essa característica da companhia de dança é explorada de maneira diferente no show. ;A mistura com os esportes define o tipo de dança que fazemos no palco. Mas essa expressão pode falar de formas distintas. Em Light, o corpo do dançarino é usado para conta diferentes histórias sobre a luz e não sobre esportes;, afirma Staccioli.
A coreografia é pensada exatamente para ressaltar o protagonismo da luz. Em Light, corpos suspensos, no melhor estilo das apresentações circenses, compõem a apresentação, acrobacias que conduzem o público rumo ao alto, ao céu, à origem da luminosidade. Formado pelos movimentos dos dançarinos, o jogo de sombras busca estimular a sensação de leveza no público.
O grupo Katakl; já esteve em Brasília antes, com outros espetáculos. Em 2010, eles vieram na cidade para apresentar o show Play. Conhecedora da cidade, a Giulia Staccioli está empolgada com as apresentações de Light. ;Estou esperando o mesmo de sempre, uma recepção calorosa. Eu amo fazer shows no Brasil. Gosto de me apresentar para pessoas que saibam exatamente o que estão assistindo.;
A diretora ainda comenta que a inspiração de Light veio da comprovação de uma necessidade dos seres humanos. ;A luz, por mais que seja intocável, é uma presença constante em nossas vidas. Isso me inspirou. Quis fazer da luz algo real, concreto.;
Light
Hoje, às 21h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro,
R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). Informações: 3325-6256. Classificação livre.