As histórias de Divã, o livro de Martha Medeiros, sempre encantaram Totia Meirelles. Tanto que a atriz mal se conteve quando recebeu o convite do diretor José Alvarenga Jr. para interpretar a descolada Tânia, melhor amiga da protagonista Mercedes (Lilia Cabral), na série apresentada pela Globo às terças, às 23h. "Nem queria saber quem eu ia fazer projeto", exagera. Segundo Totia, foi seu jeito solto que motivou a escalação. E leveza é a característica que ela mais tenta transmitir no vídeo. "Acho que é experiência de vida mesmo. Não é só uma questão de amor. A gente fala de relação de mãe e filho, profissional, caridade, sobre tudo. Tem de ser de maneira espontânea", analisa. Depois que o programa sair do ar, ela fará a novela Fina estampa. E, mais uma vez, dividirá cenas com Lilia Cabral, protagonista da história de Aguinaldo Silva. "Divã já serviu para aproximar a gente. Trabalhar com ela é uma experiência única", derrete-se.
Em Divã, você interpreta uma dona de galeria de arte. Chegou a fazer algum laboratório para o papel?
Fui a uma galeria na Gávea, no Rio de Janeiro, e conheci a dona. Era um lugar lindo, encantador. O que eu queria mesmo era entender como funcionam as coisas, como são escolhidas as peças que compõem as exposições, enfim, como é a vida de uma marchand. E consegui ter uma ideia nesse contato. O grande barato da Tânia é que ela não tem problemas com relacionamentos, é bem atirada. E vive uma parceria grande com a Mercedes, o que me aproxima da Lilia Cabral, atriz com quem eu sempre quis trabalhar. Esse papel é quase a realização de um sonho para mim.
Qual sonho?
Na verdade, além da vontade de atuar com a Lilia, li o livro da Martha Medeiros, que inspirou a série. Na época, fiquei enlouquecida. Liguei para minha irmã e a obriguei a comprar, e a um monte de amigas também. Logo depois, a Lilia montou a peça e fui à estreia. Saí de lá maravilhada. Vi o filme também, claro, e quando me ligaram para o seriado, nem acreditei. Fiquei tão feliz que disse que não precisava nem saber qual seria o papel. Queria mesmo era fazer parte disso.
Você já conhecia a Lilia?
A gente até se encontrava na emissora, se falava, sabia que ela era a Lilia e ela sabia que eu era a Totia. Mas depois que soube que ia fazer a Tânia, nos encontramos no shopping e foi tão louco; Nos falamos como se fôssemos amigas de infância! E o relacionamento das personagens é mesmo de intimidade. Acho que a gente conseguiu atingir esse ponto em cena. A Lilia é uma atriz muito acessível. E falar sobre os conflitos femininos, principalmente dessas mulheres mais maduras, é uma delícia.
Qual é o principal conflito de uma mulher de meia-idade?
Depende de cada mulher, de como ela leva a vida. Cada uma tem um mote diferente. Mas uma questão complicada é a da informação. A gente tem de estar informada. Eu tenho 52 anos, sou avó de uma criança de 2 anos. E existe uma cobrança em cima da mulher, de ela ser ;super; em tudo e ainda ter de envelhecer bem. Para a gente, que trabalha com imagem, isso é pior ainda. Nos cobramos mais também. E somos cobradas, sim. Cada mulher tem de saber lidar com isso. O bom mesmo é ser resolvida.
Você e a Lilia estão escaladas para Fina estampa, próxima novela das nove da Globo. Vão e encontrar em cena também?
Coincidentemente, a gente vai ser amiga na novela também. O que posso dizer é que a minha personagem é mais popular. Nem quero falar muito, porque tudo está começando e alguns detalhes podem mudar. Mas ela é dona de uma barraca na praia. E a Lilia começa como aquela pessoa que faz de tudo para viver, mas fica rica e se transforma.