Cláudio Nucci e Zé Renato eram adolescentes quando se conheceram no Colégio Rio de Janeiro, em Ipanema, onde estudavam. À época, já exibiam talento precoce para a música. O Brasil só viria tomar conhecimento disso no fim da década de 1970, quando eles passaram a integrar o Boca Livre. O grupo conquistou sucesso na cena da MPB, com um trabalho marcado por belas canções e modernos arranjos vocais.
Tempos depois, os dois viriam a desenvolver carreira solo; e em 1985, juntaram novamente as vozes em Pelo sim, pelo não, um LP, lançado pela CBS (atual Sony Music). A música que deu título ao trabalho era A hora e a vez, integrante da trilha sonora da novela Roque Santeiro. Eventualmente, nas duas últimas décadas, eles têm se encontrado em projetos musicais.
Na terça-feira (3/5), ao participar do Sete em ponto, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, Nucci teve Zé Renato como convidado. Antes, haviam sido convidados para abrir, em Brasília, o projeto Quinta da boa música, na Praça Central do shopping CasaPark. O show, hoje, às 19h30, tem entrada franca. Inicialmente, cada um fará apresentação individual e no fim estarão lado a lado para interpretarem canções marcantes na carreira de ambos.
Músicas conhecidas do público como Acontecência, Amor aventureiro, Levezinho e Quero quero estarão no repertório de Nucci, ao lado da versão dele para Vatapá, de Dorival Caymmi. Zé Renato vai interpretar, entre outras, Ânima (parceria com Milton Nascimento), Como tem Zé na Paraíba (Jackson do Pandeiro) e Mascarada (Zé Keti).
Juntos, farão, por exemplo, Papo de passarim (parceria dos dois), Quem tem a viola, Bicicleta e, claro, Toada ; do tempo do Boca Livre. ;Mais do que parceiros na música, Zé Renato e eu somos velhos amigos. Temos estado próximos, desde que o conheci no Colégio Rio de Janeiro, onde participávamos de festivais. Sempre quisemos ser cantores e essa oportunidade surgiu quando passei a integrar o grupo Semente e ele o Cantares, na primeira metade da década de 1970. Era a nossa primeira experiência profissional;, lembra Nucci.
Toada
Quando eles se juntaram no Boca Livre, em 1977, Nucci já havia composto, em parceria com Juca Filho, o clássico Toada. Em carreira solo desde 1980, ele lançou cinco álbuns, entre os quais Ao mestre com carinho, com o qual homenageou Dorival Caymmi, durante as comemorações dos 90 anos do genial compositor baiano, em 2004. ;No momento,, estou preparando repertório para um novo CD, e espero gravar ainda neste ano. Deverei cantar no show de Brasília duas músicas dessa nova safra, Rio de março e Vista chinesa;, adianta.
Parceiro de Milton Nascimento, Wagner Tiso e do guitarrista americano Al Di Meola, Zé Renato fez fama como intérprete. Nessa condição, dedicou discos inteiros à música de Sílvio Caldas e Zé Kéti; fez uma ponte entre as obras de Noel Rosa e Chico Buarque; e cantou fados com o grupo português Trinadus, no CD Navegantes. ;Costumo me envolver com muitos projetos;, diz.
O mais recente foi o Papo de passarim, CD e DVD que gravou com o cantor paulista Renato Braz. O DVD será lançado em 18 e 19 próximos, no Sesc Pinheiros, em São Paulo. ;Como desde 2003 não lanço nada inédito, estou fechando o repertório e devo gravar em junho. Todas as músicas serão inéditas e há parcerias com Joyce, Pedro Luís e Juca Filho, entre outros;, antecipa.