Durante quatro anos, o produtor cultural Luiz Nunes deu aulas de teatro em Diadema, região metropolitana de São Paulo. O período foi determinante para que ele se interessasse e conhecesse o movimento hip-hop e seus efeitos naquela comunidade. "O hip-hop é responsável pela inclusão social e cultural de grande parte dos jovens da nossa periferia - que hoje poderiam estar em outra situação se o hip-hop não tivesse chegado até eles", aponta Nunes. Ele e a jornalista Beatriz Carolina Gonçalves são responsáveis pela curadoria do projeto Radiografia cultural: periferia e arte no DF, que estreia sua programação nesta terça-feira (26/4), à 19h30, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com entrada franca.
A lista de atividades do evento é vasta, vai até o final do ano e será realizada, sempre gratuitamente, em vários locais da cidade. Passa por ciclo de debates, apresentação de saraus, mostra de vídeos produzidos por coletivos da periferia, shows de hip-hop e de rock, oficinas de grafite para crianças, encenação de peças teatrais, além da difusão da programação de três rádios comunitárias.
O objetivo do evento é mapear algumas das principais manifestações artísticas que, por meio da cultura, estão incluindo socialmente jovens das regiões administrativas ao redor do Distrito Federal. "O hip-hop nasce nas ruas dos Estados Unidos e quando chegou no Brasil foi abraçado, adaptado e assimilado pelas comunidades de periferia de maneira rápida e eficiente", relata Luiz Nunes.
Intitulado Periferia e cultura de resistência, o debate de hoje reunirá os rappers GOG, do DF, e Rappin Hood, de São Paulo, e o filósofo paulistano Paulo Arantes. A mediação será feita pelo jornalista e escritor José Arbex Jr., da revista Caros amigos. Depois do debate, serão realizadas apresentações de Rappin Hood e GOG. Sobre o assunto, Luiz Nunes comenta que, mesmo quando alcança o sucesso comercial, o rap continuam a versar sobre a situação da periferia: "Ele sempre vai falar dessa realidade", comenta.
Veterano rapper do Distrito Federal, Genival Oliveira Gonçalves, o GOG, é conhecido como poeta do rap por suas letras elaboradas. Com nove discos na carreira, seu trabalho mais recente é o DVD Cartão postal bomba, de 2009. No ano passado, lançou o livro A rima denuncia, sobre sua trajetória como artista e militante político. Já o rapper e compositor paulistano, Rappin Hood apresenta o programa Rap du bom, na 105 FM, em São Paulo. Lançou três discos: Posse mente, Sujeito homem e Sujeito homem 2. Está gravando seu quarto CD, Sujeito homem 3, e o primeiro DVD.
Entre os dois rappers, estará Paulo Arantes, especialista em filosofia clássica alemã, filosofia francesa contemporânea e teoria crítica. Ele dirige a coleção Zero à esquerda, da Editora Vozes, e a coleção Estado de sítio, da Boitempo. É autor de obra que associa o rigor da filosofia hegeliana e marxista com análises sociológicas e antropológicas da realidade cultural do Brasil.
Radiografia cultural: periferia e arte no DF
Nesta terça-feira (26/4), às 19h30, no teatro Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Trecho 2, conjunto 22). Debate com GOG, Rappin Hood e Paulo Arantes sobre o tema Periferia e cultura de resistência. Mediação do jornalista José Arbex Jr. Apresentação especial de GOG e Rappin Hood. Entrada gratuita mediante retirada de senha, distribuída uma hora antes do início do evento. Não recomendado para menores de 12 anos. Informações: 3310-7087.