Ensaio geral: Hamilton (C) e os músicos da Sinfônica deram ontem os últimos retoques para o concerto
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O aniversário de Brasília ganha hoje, às 20h, uma celebração erudita.
Na Sala Villa-Lobos, Hamilton de Holanda, acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional e
pelo Brasilianos, o grupo liderado por ele, lança a Sinfonia monumental, peça que compôs em 2009,
gravada no ano passado e registrada em CD. O concerto, sob a regência do maestro Cláudio Cohen, é
com entrada franca.
Bandolinista virtuoso, formado em composição pela Universidade de
Brasília, Hamilton mostra sua visão da capital numa peça com 50 minutos de duração, dividida em
cinco movimentos: Primeiras ideias, A marcha dos candangos, Prece ao santo céu, JK proibido e Caos e
harmonia. Para tanto, ele teve a colaboração de outro músico brasiliense, o violonista e compositor
Daniel Santiago, com quem dividiu a criação da Sinfonia monumental.
;No primeiro
movimento, me reporto ao vazio da futura capital, na visão da Missão Cruls. O segundo busca mostrar
a chegada dos pioneiros da construção da cidade. Depois, vem o ecumenismo religioso, resultado da
presença de diferentes religiões e seitas no Planalto Central. O exílio de JK e a proibição de ele
voltar ao lugar idealizado pelo ex-presidente estão presentes no quarto movimento. No encerramento,
busco projetar a ideia de uma metrópole cosmopolita, que convive com os problemas e as coisas boas
que advêm disso;, explica Hamilton.
A gravação do Sinfonia monumental foi feita em 5 e 6
de junho do ano passado, no Auditório da Casa Thomas Jefferson, por uma orquestra com 47 músicos e
mais André Vasconcellos (contrabaixo), Márcio Bahia (bateria) e Gabriel Grossi (gaita) ; integrantes
do Brasilianos ; e de Rafael dos Anjos (violonista do grupo Choro Livre). Hamilton destaca também a
importância do trabalho desenvolvido pelo produtor Marcos Portinari, na realização do projeto. ;Esta
foi a experiência mais ousada de toda a minha trajetória artística. É o resultado da vivência na
cidade, desde a infância, traduzida numa linguagem musical ; da qual são sugeridos elementos do
choro, do samba e do rock ;que vai além do universo em que estou inserido. Depois da sinfonia
pronta, veio reflexão: como pode um tocador de bandolim ter a petulância de criar uma peça
sinfônica? Tudo, porém, é sincero. Fui movido pelo sentimento de gratidão que tenho por Brasília,
por tudo o que generosamente ela me proporcionou;, afirma Hamilton.
Suíte
retratos
Faz parte do programa, também, a Suite retratos, criação do pianista e
compositor gaúcho Radamés Gnatalli, na qual homenageia quatro pilares do choro: Pixinguinha, Ernesto
Nazareth, Anacleto Medeiros e Chiquinha Gonzaga. Na execução, a Orquestra Sinfônica e Hamilton terão
a companhia de Fernando César (violão), Rafael dos Anjos (violão), Pedro Vasconcellos (cavaquinho) e
Valerinho (percussão).
Músico com carreira consagrada nacional e internacionalmente,
Hamilton já tocou nos quatro cantos do mundo. No fim da semana passada ele retornou de uma série de
apresentações no festival La Nuit des Virtuoses, realizado nas ilhas Reunião e Maurício ;
arquipélago situado no Oceano Índico, na costa africana. Na próxima semana, o bandolinista e o
pianista André Mehmari viajam para a Europa, onde os aguardam shows de lançamento do álbum Gismonti
Pascoal ; A música de Egberto e Hermeto, na Alemanha, Finlândia e Irlanda.
Este disco,
segundo o bandolinista, contempla e reverencia a obra de dois mestres da música popular brasileira,
;fonte de inspiração para músicos da nossa geração;. O repertório traz 15 músicas, sendo seis de
Egberto, seis de Hermeto, uma de Hamilton (Menino Hermeto), uma de Mehmari (Chorinho para eles) e
outra que os dois compuseram juntos, Para Gismonti e Pascoal.
;Debruçados em obras tão
importantes e significativas, chegaríamos a repertório para dois discos. Nos ativemos, porém, a esse
que traz, entre outras, Loro, Palhaço e Frevo (Egberto Gismonti), Bebê, Farol que nos guia e São
Jorge (Hermeto Pascoal);, comenta Hamilton. ;Já fizemos o lançamento do CD em São Paulo e, na volta
da Europa, iremos levar o show a outras cidades. Brasília, obviamente, faz parte do nosso roteiro;,
anuncia.
Sinfonia Monumental
Concerto de lançamento hoje, às 20h,
na Sala Villa-Lobos, apresentado pela Orquestra Sinfônica do Teatro nacional, Hamilton de Holanda e
o grupo Brasilianos. Entrada franca ; sujeita à lotação da sala. Classificação indicativa
livre.
; Estilo pop
Com a Sinfonia Monumental, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional fecha a
série de concertos intitulada Brasília, nosso cinquenta. Anteriormente, foram apresentadas as
sinfonias compostas na década de 1960 por Guerra Vicente, Cláudio Santoro e Tom Jobim. ;Estas
foram criadas quando a cidade surgia. A do Hamilton de Holanda, uma sinfonia concertante, com
cinco solistas (os integrantes do quinteto Brasilianos) tem estilo pop. É a visão de um
compositor representante da geração que cresceu com a capital e a viu tornar-se uma moderna
metrópole;, explica o maestro Cláudio Cohen. ;Para a orquestra é um grande prazer poder tocá-la
em primeira audição;, acrescenta.