O Espaço Chatô, reservado para acolher manifestações artísticas da cidade, abriga nesta semana eventos com a cara da cultura da capital federal. Hoje, às 19h, o artista plástico Luiz Costa inicia a exposição Luiz Costa: o pintor dos candangos, aberta ao público até o dia 20 deste mês. Amanhã, também às 19h, o escritor e pesquisador Adirson Vasconcelos lança o livro Chatô e o seu tempo: o Brasil de 1924 a 1968, registro que revive a participação do jornalista Assis Chateaubriand em momentos importantes da história do país.
Muralista incansável
Mineiro de Serra dos Aimorés, Luiz Costa apresenta sua marca pictórica mais conhecida: o candango. ;Quando cheguei aqui, Brasília não tinha nada ainda, era muito nova. A capital não tinha representante na pintura. Essa figura brotou na minha obra e batizei de candango;, diz. Ele chegou aqui há 42 anos e, hoje, aos 57, pode-se orgulhar de viver somente da arte. Aos 18, passou num concurso público da Câmara Federal, mas largou o cargo antes mesmo de ser admitido. Já sabia, mesmo muito jovem, que passaria o resto da vida em seu ateliê, e não em gabinetes. ;Fui ser pintor. E não morri. Eu só faço pintar. O dia em que não pinto parece perdido. No começo, vendia quadros debaixo do braço, de porta em porta, de canteiro de obra em canteiro de obra. Minha obra já me deu tudo. Não estou rico. Antigamente, pintava de manhã para vender de tarde e comer de noite;, conta.
O comportamento de Costa, uma aliança inquebrável entre suor e arte, torna o seu ofício mais do que uma profissão. Para ele, é predestinação. ;Se eu paro, fico doente. Nas vezes que parei, fiquei devendo, mal-humorado. De um 25, 30 anos para cá, parei de bater cabeça, resolvo tudo pela arte: é minha amante, terapia. É tudo;, explica. Seus candangos são coloridos e inscritos em conjuntos de linhas que evocam a arquitetura da cidade. ;Perambulava fazendo croquis. A figura humana foi, rigorosamente, ganhando forma geométrica. Enfrentei muito comentário negativo dizendo que eu repetia as formas cidade. Mas eu tenho uma tese formada nessa repetição. Tenho a impressão de que, quando Deus fez as coisas, ele alcançou a multiplicidade delas por meio da repetição;, argumenta.
Costa só lamenta que a pintura ainda não tenha o reconhecimento merecido. ;A profissão de pintor é uma das poucas em que o tempo conta a favor. Depois de 50 anos, você começa a colher os frutos. A obra do pintor começa a valer não por ser bonitinha, mas sim por suas atitudes, pelo seu comportamento, pela maneira como você zela pelas coisas valiosas do planeta;, acredita.
Panorama histórico
O jornalista e pesquisador Adirson Vasconcelos conheceu Assis Chateaubriand em 1957, e, um ano depois, começou a trabalhar nos Diários Associados como correspondente em Brasília, quando o Planalto Central ainda era um enorme canteiro de obras. No livro Chatô e o seu tempo, Vasconcelos narra, ano a ano, de 1924 a 1968, a atuação do empresário paraibano na vida pública do país. ;Ele realizou um trabalho admirável, se inseriu na história de grande parte do século 20. A par do seu pioneirismo em implantar mais de 60 empresas de comunicação de norte a sul, de leste a oeste, ele tinha o propósito de promover a integração nacional por meio da informação;, relata o escritor, que já escreveu mais de 40 volumes sobre a história da sede do poder. Para o autor, Chateaubriand, ou apenas Chatô, ;revelou um extraordinário amor pelas coisas e pelas causas do Brasil;.
LUIZ COSTA: O PINTOR DOS CANDANGOS
Hoje, às 19h, abertura da exposição Luiz Costa: o pintor dos candangos, do artista plástico mineiro Luiz Costa. Visitação até 20/4, de segunda a sexta, das 10h às 18h. Entrada gratuita. Classificação indicativa livre.
CHATÔ E SEU TEMPO
Amanhã, às 19h, lançamento do livro Chatô e seu tempo: o Brasil de 1924 a 1968. De Adirson Vasconcelos. Editora Thesaurus, 232 páginas. R$ 30. No Espaço Chatô (sede do Correio Braziliense, qd. 2 lt. 340). Entrada gratuita. Classificação indicativa livre. Informações: 3214-1350.