Na memória musical de Marco Pereira estão armazenados sons criados por violonistas como Dilermando Reis, Laurindo de Almeida e Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, que o remete à época de ouro do rádio. ;Naquela época, o grande veículo de comunicação era o rádio, e a música ocupava espaço quase hegemônico na programação das emissoras. Isso possibilitava o surgimento de músicos talentosos, em especial violonistas;, afirma.
Marco está de volta a Brasília, onde iniciou a carreira na década de 1980. Hoje, ele participa, com os também violonistas Paulo Bellinati e Weber Lopes ; que se apresentarão juntos ; do projeto Acordes do Rádio ; 90 anos do violão brasileiro. Os shows, no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, serão às 13h, com entrada gratuita, e às 21, com ingresso a R$ 15 e R$ 7,50 (meia-entrada).
Em 2009, Marco fez alguns recitais em que focalizou a obra de Dilermando Reis. Do repertório daquela série de apresentações, ele escolheu para o show do CCBB uma das criações mais conhecidas do compositor paulista de Guaratinguetá ;, a valsa Se ela perguntar. ;Vou fazer uma nova versão, rearmonizada, trazendo-a para uma estética contemporânea, mas mantendo a essência;, anuncia.
A obra de compositores da tradição da música popular brasileira, em que o violão teve papel fundamental no processo de criação das músicas, será revisitada por Marco. Com novos arranjos, ele vai tocar Na baixa do sapateiro, de Ary Barroso; A lenda do Abaeté, É doce morrer no mar e A jangada voltou só, da Suíte dos pescadores, de Dorival Caymmi. Da produção do projeto veio a sugestão para o Marco violonista interpretar Choro triste, do pouco conhecido compositor pernambucano Alfredo Medeiros.
Livro com três volumes, com o título de Caderno de harmonia vai ser lançado por Marco Pereira em 2011, pela editora carioca Garbolith. ;Esse é o resultado do trabalho de 25 anos, que tenho realizado como professor de harmonia, inicialmente na Universidade de Brasília (UnB) e depois na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Cada volume trará encartado um CD, em que haverá gravações de temas musicais com harmonizações, para exemplificar os assuntos tratados no livro;, explica. O primeiro volume chega ao mercado em maio.
Rpertório autoral
O improviso dá o tom no show, a ser apresentado em seguida pelo duo formado por Paulo Bellinati e Weber Lopes, que vão do samba ao som da viola caipira. Com exceção de Frevo do Carmo, de Zé do Carmo ; outro desconhecido compositor pernambucano ;, o repertório é totalmente autoral. Os dois vão tocar músicas do Virada, álbum instrumental de produção independente.
;Este projeto para dois violões gerou o disco e uma turnê que o Weber (Lopes) e eu estão realizando desde 2010. Já nos apresentamos em várias cidades brasileiras e na Argentina;, conta Bellinati. ;Das 10 músicas do disco, seis integram o roteiro do show, entre elas, Bom partido, composta por mim; A flor do tempo, do Weber; e Violão virado, uma parceria nossa;, acrescenta.
Com sólida carreira em palcos internacionais, além de instrumentista a arranjador, Bellinati é um compositor brilhante. Músicas de sua autoria foram gravadas por violonistas como John Willians, Fábio Zaron, Duo Assad, Los Angeles Guitar Quartet, entre outros. Sua peça Jongo ganhou o primeiro prêmio no Festival Internacional de Composição para Violão da Martinica. Entre seus discos, destacam-se o The guitar works of Garoto, sobre a obra de Aníbal Augusto Sardinha; e Afro-Sambas, em duo com a cantora Mônica Salmaso.
Mineiro de Guanhães, Weber Lopes é um dos grandes violonistas brasileiros da nova geração. Seus discos têm recebido elogios da crítica nacional e internacional; o talento é reconhecido pelo público. Ele já trabalhou com músicos como Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Yamandú Costa, Hamilton de Holanda. Com dois CDs solo lançados, tem se apresentado em países como Alemanha, Itália, França, Suiça, Finlândia, Lituânia e Nova Zelândia. No show com o Bellinati, o diálogo e a improvisação, num clima de cumplicidade, os levam a leituras novas e surpreendentes, de cada tema executado.
Ouça a música Violão virado, com Paulo Belinatt