Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Questões dos jovens são discutidas por eles mesmos na peça Cinco

Em uma manhã de sábado, cinco adolescentes chegam ao seu colégio para cumprir uma espécie de detenção. Eles são um cérebro, um atleta, uma esquisitona, uma princesa e um rebelde. Pelo menos assim eram vistos até então: ;Nos termos mais simples e nas definições mais convenientes;, como afirma um dos personagens. Porém a convivência forçada por algumas horas faz com que descubram ter muito em comum. Esse é o enredo da peça Cinco, que está em cartaz até 1; de abril no Espaço Cultural do Brasília Shopping.

O espetáculo, montado pela Cia. Teatral Néia e Nando, é uma adaptação do filme O Clube dos Cinco (1985), escrito e dirigido por John Hughes ; o mesmo do inesquecível Curtindo a vida adoidado (1986). Para quem passou pela puberdade nos idos da década de 1980 ; e gostava de ir ao cinema ;, aquele longa-metragem se tornou uma espécie de manifesto. Foi uma das primeiras vezes que se mostrou como adolescentes realmente falavam e pensavam.

Tudo bem que, naquela época, o mundo não havia sido tomado por Facebook e Twitter, e os celulares não eram os melhores amigos do homem. Mas, visto hoje, o filme soa tão comovente e, sobretudo, divertido quanto antes. Afinal, os jovens continuam às voltas com sexo, drogas e a necessidade de se sentirem pertencentes a algo. E a peça mantém a discussão em torno dessas questões, que parecem nos engolir vivos quando estamos na faixa dos 16 anos. ;Queremos criar uma catarse no público, por isso buscamos personagens de identificação rápida;, explica Nando Villardo, que codirige Cinco com Néia Paz. ;Os espectadores percebem que, se há a possibilidade de diálogo, mesmo sendo de tribos diferentes, as diferenças vão por água abaixo;, analisa.

[SAIBAMAIS]O texto, assinado por Similião Aurélio, reproduz falas e cenas inteiras do filme. A peça deve a quase totalidade de seus méritos ao que traz do filme. A grande ausência do enredo é a figura do diretor do colégio, o complexado Vernon, no original ; abrasileirado para Campelo. No palco, sua existência é apenas sabida porque se fala seu nome. Na telona, ela era o antagonista que servia na medida para que os estudantes se unissem. Afinal, o que seria mais instigante do que enfrentar a autoridade de um adulto?

Os cinco adolescentes são interpretados por Filipe Lima (o rebelde), Tainá Palitot (a princesa), Luana Proença (a estranhona), Tiago Ramade (o atleta) e Ricardo Villardo (o cérebro). Os atores têm entre 21 e 24 anos de idade e também são professores de artes cênicas para turmas dos níveis fundamental e médio.

A peça havia feito curta temporada em setembro de 2009. A montagem atual incorporou novas gírias e mudanças no figurino, assinado por Rubens Fontes. O cenário, também criado por Fontes, é formado apenas por cinco carteiras escolares.

O espetáculo também consegue se aproximar de seu público, graças à trilha sonora, recheada de Legião Urbana, Cássia Eller, Nirvana e Led Zeppellin.

Cinco

Da Cia. Teatral Néia e Nando. Até 1; de abril, às quintas e às sextas-feiras, às 18h. No Espaço Cultural Brasília Shopping. Ingresso a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Classificação indicativa: 14 anos. Informações: (61) 2109-2122