Diversão e Arte

Livro resgata os áureos tempos em que Sivuca viveu na capital pernambucana

postado em 16/03/2011 08:00
Os 10 anos  em que o artista paraibano viveu na capital pernambucana foram intensos e criativosQuando começou a pesquisar e a colher material para a biografia inédita de seu pai, o compositor, arranjador, maestro, e sobretudo, sanfoneiro Sivuca, a socióloga e doutora em ciências humanas Flavia Barreto encontrou um material tão rico que um dos capítulos acabou se transformando em outro livro que acaba de ser lançado: Sivuca e a música do Recife (Publikimagem). Os 10 anos (1945-1955) em que o artista paraibano viveu na capital pernambucana foram intensos e criativos, não só do ponto de vista profissional, como do pessoal, e Flavia não hesitou: ;O material era tão vasto que seria um crime se a gente deixasse ele só em um capítulo. Por isso a ideia de outra publicação. Recife foi a cidade onde ele se formou, onde aprendeu tudo. Isso sem falar no aspecto pessoal, pois foi ali que ele conheceu a minha mãe, e onde eu acabei nascendo;, conta Flavia, que escreveu o livro em parceria com o jornalista Fernando Gasparini.

Vários fatos e dados curiosos vieram à tona na garimpagem para o projeto do livro e ambos os autores elegeram a disputa entre a Rádio Jornal e a Rádio Clube pelo ;passe; do músico como um dos episódios mais marcantes. A história ficou conhecida como o Caso Sivuca. ;Foi uma briga acirrada e acredito que tenha sido um dos primeiros escândalos de um artista sendo disputado publicamente por duas emissoras. E as rádios perderam a compostura mesmo, usaram de artifícios nada legais. O caso teve muita repercussão na época, foi assunto de mesas redondas, ganhou capas de jornal;, comenta Gasparini.

Acervo
Antes de se envolver no projeto, o jornalista e escritor conhecia superficialmente a trajetória do sanfoneiro paraibano, mas mergulhou a fundo na pesquisa, viajando para várias cidades e resgatando um passado que andava esquecido. ;Busquei jornais antigos, arquivos públicos em cidades com Recife, João Pessoa, Natal, Rio, São Paulo e até em Brasília. Vasculhei discos dele em todo o país, fotos também. Acredito que, assim como vários artistas de sua época, Sivuca não tinha uma preocupação em arquivar nada e por isso tudo ficou espalhado;, opina Fernando Gasparini.

Boa parte do material colhido faz parte de uma iniciativa maior, coordenada justamente por Flavia Barreto, filha única do artista. O projeto Sivuca ; Maestro da sanfona brasileira tem várias ações como a distribuição da discografia digitalizada completa para instituições de pesquisas e escolas de músicas, além da criação do site do sanfoneiro. ;Estamos catalogando um vasto acervo e a biografia mesmo será lançado no primeiro semestre e será mais uma opção de informação sobre o meu pai. O nosso compromisso sempre foi ampliar o acesso às fontes, democratizar isso para estudantes, imprensa, pesquisadores. Isso é muito importante;, resume Flavia.

Genial
Nascido na cidade de Itabaiana, no sertão da Paraíba, Severino Dias de Oliveira, o Sivuca, apelido que ganhou do maestro Nelson Ferreira, mesclou a tradicional base musical popular do instrumento que tocava ; a sanfona ; com experimentos e inserções na música erudita. Ficou notório não só no Brasil, mas no exterior como instrumentista, maestro, orquestrador, arranjador, compositor e produtor musical. O artista, que era albino, faleceu em 2006 acometido por um câncer.

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