A insatisfação é um dos principais combustíveis do rock. Em 2007, quando os integrantes da banda americana Smith Westerns se juntaram, eles eram adolescentes entediados, de saco cheio da vida. Insatisfeitos com as perspectivas do futuro (faculdade-trabalho), com a indiferença das meninas do colégio e com o que eles viam na cena musical de Chicago, só lhes restou uma única alternativa: fazer a própria revolução. Entenda-se por isso criar uma banda de rock, é claro.
Dye it blonde, o segundo disco da banda, foi lançado em janeiro. Quando o álbum chegou às lojas, o trio formado por Max Kakacek (guitarra) e os irmãos Cullen (voz e guitarra) e Cameron Omori (baixo) já tinha passado da posição de iniciantes tocando para ninguém em pequenos clubes noturnos para uma das mais bem faladas novas bandas americanas. O estrelato ainda está longe. Mas aquela fagulha inicial, aquele incômodo que os fez empunhar guitarras, valeu a pena. Para eles, hoje com seus 20 anos, tudo aconteceu muito rápido.
O homônimo disco de estreia do grupo foi gravado em 2009, na garagem de Kakacek. O registro lo-fi chamou a atenção do selo local HoZac, que distribuiu o CD. Um ano depois, Smith Westerns foi relançado pela bacana Fat Possum Records (que também colocou na praça Dye it blonde). Com a ajuda da internet e da divulgação boca a boca, a banda (que ao vivo conta com o reforço de um baterista convidado) foi galgando oportunidades. Logo, eles estavam abrindo shows de turnês de ;irmãos mais velhos;, como Girls e MGMT.
Discípulos de Bolan
De Smith Westerns para Dye it blonde algumas coisas mudaram, sem que a banda precisasse se reinventar. As influências da banda continuam as mesmas: clássicos como Beatles e, especialmente, T-Rex, além das pérolas obscuras das coletâneas da série Nuggets. Mas no segundo disco, tudo surge mais limpo, bem menos garageiro. E, com exceção de banda de Marc Bolan, bem menos referencial.
Resultado da experiência adquirida na estrada e da grana investida pela Fat Possum, que possibilitou a contratação do produtor Chris Coady ( TV on the Radio, Beach House e Yeah Yeah Yeahs). ;Ele nos fez perceber como queríamos que tudo soasse;, disse Cullen em entrevista ao Austinist.
Nas letras, o vocalista continua a cantar sua busca pela felicidade, seja falando de garotas ou dos bons momentos da vida. ;Não acho que o disco seja sobre garotas ou qualquer coisa. Não estou cantando sobre relacionamentos que eu tive. Mas sobre querer, desejar coisas. É a ideia romântica sobre ser otimista;, ele afirmou na mesma entrevista.
O fascínio exercido pelos Smith Westerns ; o nome da banda é um trocadilho com uma das mais famosas armas de fogo ; vem exatamente desse romantismo aliado ao apuro pop dos rapazes, às paredes de guitarras e às melodias imediatamente memoráveis de suas canções. Algo que já não é novidade há muito tempo. Mas uma receita que, quando bem feita ; vide Big Star e Teenage Fanclub, só para ficar em dois bem conhecidos ; continua irresistível.
Smith Westerns
A banda americana lançou seu segundo disco, Dye it blonde, pela Fat Possum Records. **** Ouça em .
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