Enquanto as webséries abrem espaço na programação da tevê paga, emissoras norte-americanas apostam no novo formato para demarcar território no universo virtual. Trata-se de séries feitas para a internet com mini-episódios de sete a 15 minutos cada, que, graças ao YouTube, tornaram-se um fenômeno tanto de produção quanto de audiência. São centenas de enredos e milhões de acessos diários. De olho no filão publicitário, o mercado do entretenimento criou o Webby Awards para premiar as melhores criações.
Seriados famosos como Dexter, Grey;s anatomy e True Blood produziram conteúdo específico para o meio. Sanctuary e Children;s hospital, por exemplo, foram sucessos adaptados para os canais por assinatura e redes de porte, como a Showtime, financiam produções on line como Web Therapy ; estrelada por Lisa Kudrow, a eterna Phoebe de Friends ; e The confession, que estreia em março e conta com Kiefer Suthlerland, Jack Bauer de 24 horas, como protagonista.
Em The confession, a trama se passa em Nova York e gira em torno de um assassino que discute com um padre, interpretado por John Hurt (V de Vingança), a motivação teológica do trabalho que faz. Já em Web Therapy, a doutora Fiona Wallice é uma terapeuta egocêntrica sem paciência com os clientes. Entre as participações especiais no site/consultório, estão Meryl Streep, Steven Weber, do seriado Wings, e Jane Lynch, de Glee. Em 2008, a primeira tentativa de levar webséries para a tevê por assinatura foi de longe o maior fiasco da NBC. Quarterlife, com apenas sete episódios exibidos na tevê a cabo, ficou registrado como pior ibope do canal em 17 anos.
Mas canais, como Adult Swim, segmento vinculado ao Cartoon Network, que veicula conteúdo adulto à noite, e o Sci-fi, especializado em ficção científica, conseguiram sucesso com Children;s hospital e Sanctuary, respectivamente. Rob Corddry, roteirista que assina Children;s hospital, faz sátira aos seriados médicos: como o incompetente dr. Blake Downs, que circula pela ala infantil do hospital com uma assustadora máscara improvisada de palhaço, tentando curar pacientes com piadas impróprias. Já Sanctuary procura um público completamente diferente. Primeira websérie em alta definição, apresenta uma estética à moda do filme Sin City, com um cenário virtual projetado ao redor dos atores.
Enredos sofríveis
No Brasil, a moda não passou sem chamar a atenção dos patrocinadores. Os guardiões e a Família Sampaio vai à Disney ganharam um aporte financeiro para suas produções. Mas, entre enredos e atuações sofríveis, a única que teve maior alcance foi Desenrola, que virou filme esse ano sob a direção de Rosane Svartman. Há ainda empreitadas independentes, como Os piores caronas. A microssérie começou com uma brincadeira entre amigos e já atraiu mais de 50 mil visualizações no YouTube, sem precisar de publicidade.
Web Therapy está no site do L studio em
De acordo com o fã de webséries e estudante de antropologia Pedro Machado, 23 anos, ;a internet abre portas para muitas produções que dificilmente iriam além da conversa de uma rodinha de amigos, desde que tenham um bom texto e personagens interessantes;. Ele elege The Guild como a favorita. A série retrata um grupo de amigos que interage por meio de um jogo de RPG on-line e passam por várias situações esdrúxulas até se encontrarem na vida real. A série se manteve com donativos dos internautas antes de conseguir o patrocínio da Microsoft na segunda temporada.