Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Quinteto Mooretools traça um cenário decadente, de guerras e destruição

Com o fim da banda Satan;s Pray, o baterista Riti Santiago e o guitarrista Hudson Arsênio decidiram montar um projeto juntos ; desta vez, menos hardcore e mais metal. Em 2003, nascia o Moretools. Aliás, a Morttus, como eles se chamavam no começo. ;Quem sugeriu o novo nome foi o Miguel, guitarrista do DFC;, lembra Hudson. Moretools é nada mais que uma corruptela do nome antigo.

Riti e Hudson queriam fazer um som pesado, com base no death metal. Mas não só isso, esclarece o guitarrista (também integrante do Galinha Preta). ;É difícil ser purista, fazer um som 100% death metal. Além do mais, temos influências do hardcore, do grind, de bandas como Brujeria e Napalm Death, que não se prendem tanto ao estilo;.

A melhor maneira de perceber essas nuances no som é ver ao vivo a performance do quinteto ; formado ainda por Rhavi (vocal), Alu Pedrotti (guitarra) e João Henrique Alcântara (baixo). Ou então escutar seu recém-lançado primeiro disco. Batizado com o nome da banda, Moretools levou quase cinco anos para ficar pronto.

A demora, explica Hudson, se deve ao processo de gravação. ;O Riti trabalha no estúdio Orbis, onde gravamos as músicas. Então, só usávamos o lugar nos horários disponíveis. Demoramos quase três anos para gravar tudo. Depois, mais um ano para mixar. E, em vez de pensar na capa antes, só fizemos isso com as músicas prontas. Enfim, faltou mais logística da nossa parte.; A falta de pressa acabou favorecendo a banda, que registrou tudo minuciosamente. ;Foram meses escolhendo timbres de guitarra. Testamos várias baterias até chegar no som certo;, conta Hudson.

O resultado impressiona. Tanto pela impecável qualidade sonora do registro e pela técnica dos músicos, quanto pela fúria que a banda transmite nas músicas ; afinal de contas, sem peso nem raiva eles não seriam uma banda de death metal.

Rhavi, autor das letras (todas em inglês), traça o retrato de um mundo em guerra, aos pedaços, de sofrimento e fé cega em causas decadentes e egoístas. Um cenário apocalíptico e sem esperança. ;Cataclismo sempre é pauta nesse tipo de banda;, diverte-se Hudson.

Com cachê, sem show
Brasília, evidentemente, é onde o Moretools mais se apresentou. ;Mas tocamos pouco, uns cinco ou seis shows por ano. O cenário não tem tanto espaço para o nosso tipo de som;, comenta Hudson. Dos shows feitos fora da cidade, um deles foi especialmente marcante, conta o guitarrista. O convite para tocar em Unaí era irrecusável, com direito a hotel, traslado e cachê. O problema é que às 22h o colégio onde eles se apresentariam foi fechado por conta da lei do silêncio. ;Nos pagaram tudo direitinho, mas queríamos tocar, mais do que qualquer coisa. Voltamos deprês para o quarto do hotel.;

Outro baque foi ter um projeto de festival aprovado pelo FAC (Fundo de Apoio à Cultura) para depois entrar na lista de projetos que não seriam mais contemplados. ;A ideia era fazer um festival, gravar os shows e transformar em DVD. Chamaria-se Território Metálico;, conta Hudson. O plano agora é organizar um evento menor, com três ou quatro bandas ; e aproveitar para fazer um show de lançamento oficial do disco de estreia do Moretools.

Enquanto isso, a banda já ensaia o repertório que dará origem ao segundo disco. Para

Hudson, será uma evolução em relação ao primeiro. ;Estamos tocando melhor. Talvez seja um disco ainda mais deth, com mais solos;, adianta.


Se gostou, ouça

Dicas de Hudson Arsênio para quem curte death metal:

Claustrofobia (SP): www.myspace.com/claustrofobia

Device (DF): www.myspace.com/devicebrasil

Estamira (DF): www.myspace.com/bandaestamira

Krow (MG): www.myspace.com/krowmetal

The Black Dahlia Murder (EUA): www.myspace.com/blackdahliamurder


Moretools

A banda brasiliense lançou de forma independente seu disco de estreia, com 12 faixas. Produção de Riti Santiago e Moretools. Conheça em www.myspace.com/moretools. ***