Em seus 50 anos de existência, Brasília nunca ouviu tanto samba quanto agora. O boom ocorreu de cinco anos para cá, impulsionado pela adesão de universitários que migraram de outros estilos, depois de descobrirem, via internet, a obra de mestres como Noel Rosa, Cartola, Nelson Cavaquinho, João Nogueira e Chico Buarque. Entre esses jovens, há os que deixaram de ser plateia e subiram ao palco, depois de formarem grupos.
Pouco a pouco, as rodas de samba foram se proliferando. Atualmente, um número impressionante reúne público expressivo em diversos locais, sobretudo aos sábados. Mas há lugares onde esses encontros de sambistas podem ser apreciados mesmo nos dias de semana, como no Bar do Calaf, na Cervejaria Maracanã, no Café da Rua 8, no Fulô do Sertão e na Stadt Bier.
Há quem não perde por nada uma boa roda de samba, como conferiu o Correio, em quatro delas, no último sábado. Mesmo quem acabou de chegar à cidade tem se juntado aos frequentadores assíduos e não se limita apenas a apreciar a batucada de bambas candangos. Cai na dança, mesmo sem ter, exatamente, samba no pé.
Militar aposentado, Ernani Ferreira, 69 anos, baiano criado no Rio de Janeiro e brasiliense desde 1967, costuma fazer ronda pelas rodas de samba. No Bar Brahma, ouvindo o Bom Partido tocar, foi para a pista e mostrou-se um passista pronto para atravessar a Marquês de Sapucaí numa das alas da sua Mangueira. ;Sou ligado à verde e rosa, mas tenho a admiração dos sambistas locais, entre eles Marcelo Sena (Coisa Nossa), Nilsinho (Amor Maior) e a grande Dhi Ribeiro;, afirma. ;Nas rodas tanto do Plano Piloto como do Guará e de outras cidades, há grupos muito bons tocando;, acrescenta.
Dulce Angélica Machado, brasiliense filha de cariocas, moradora de Vicente Pires, participa com frequência da roda do Calaf. ;Embora venha mais aqui aos sábados (quando apresentam-se os grupos Volta por Cima e Fina Estampa), sempre que possível bato ponto na sexta-feira, na apresentação do Coisa Nossa. Sou fã do Marcelo Sena e costumo ir assisti-lo, também, no Roda do Chopp (Núcleo Bandeirante), aos domingos;, revela a estudante de administração de empresas, admiradora de Martinho da Vila, Zeca Pagodinho e Beth Carvalho. Dulce tem molejo semelhante ao das rainhas de bateria das escolas de samba cariocas.
Ziriguidum no sangue
Filha de Pelezinho, um dos pioneiros do samba em Brasília, Simone Pereira da Silva foi à Cervejaria Maracanã pela primeira vez no último sábado, levada pelo namorado Émerson Silva e Souza (ambos são servidores do Senado). ;Gostei muito desse samba aqui, até porque funciona com um roda autêntica, com os músicos tocando no meio do salão;, afirmou Simone, antes de se jogar na pista, onde mostrou que é do ramo.
Os grupos Volta por Cima e Capital do Samba são os preferidos dela. ;Quando converso com meu pai, que agora mora em Cabo Frio (RJ), sobre o sucesso do samba em Brasília, ele se emociona por constatar que a semente plantada por ele e seus companheiros, nos primeiros anos da cidade, gerou bons frutos;. Breno, o irmão dela, dá sequência à arte do pai, como integrante do Volta por Cima.
Inaugurada em julho, a Cervejaria Maracanã montou sua roda de samba já na abertura. No sábado, chega a reunir 500 pessoas. ;A quem frequenta a casa, é oferecido samba de quinta-feira a domingo, com diferentes atrações, entre as quais o regional Bem Brasil, o pandeirista e cantor Breno Alves e a cantora Débora Vasconcelos. No sábado, o grupo Maracangalha começa a roda, às 14h, e vai até as 22h, com pequenos intervalos;, anuncia Luis César Goetchal, um dos sócios da casa.
Técnico em informática, Marcos Lins, paraibano de João Pessoa, está na capital há apenas dois meses. Sábado, ele foi apresentado à roda de samba do bar e restaurante Tartaruga pela amiga, conterrânea e arquiteta Uiara Assis, que chegou aqui em 2009. ;Lá em João Pessoa eu ia muito às rodas de samba. Quando a Uiara me chamou para vir aqui, aceitei o convite na hora. Estou gostando do ambiente e do grupo que toca samba muito bem;, elogiou, logo depois de deixar a pista de dança.
Assim que se faz
; Sexta-feira, a partir das 22h, na Asbac. Hoje, com show de Leandro Lehart. Ingresso:
R$ 20 (homens) e entrada franca para mulheres.
Gafieira cm concerto
; Segunda-feira, às 20h30, no Feitiço Mineiro (306 Norte). Couvert artístico: R$ 15.
Adora-Roda
; Terça-feira, às 21h, no Bar do Calaf (Edifício Empire Center/Setor Bancário Sul). Ingresso: R$ 10.
Homenagem ao malandro
; Quarta-feira, às 19h30, no Café da Rua 8 (408 Sul). Couvert artístico: R$ 8.
Samba no gogó
; Quinta-feira, às 18h, na Aruc (Cruzeiro Velho).
Entrada franca.
Roda do Fulô
; Sexta-feira, às 20h30, no Fulô do Sertão (404 Norte). Couvert artístico: R$ 7.
Regional Bem Brasil
; Sexta-feira, às 20h30, na Cervejaria Maracanã (207 Norte). Couvert artístico: R$ 7.
Bom Partido
; Sábado, às 14h, no Bar Brahma (201 Sul).
Maracangalha
; Sábado, às 14h, na Cervejaria Maracanã (207 Norte).
Ingresso: R$ 10.
Samba do Calaf
; Sábado, às 16h, no Bar do Calaf (Edifício Empire Center/Setor Bancário Sul). Ingresso: R$ 10 (mulher) e
R$ 15 (homens) até às 16h, R$ 15 (mulheres) e R$ 20 (homem) depois desse horário.
Roda do Tartaruga
; Sábado, às 17h, no bar e restaurante Tartaruga (714/715 Sul). Couvert
artístico: R$ 12 (mulheres) e R$ 15 (homens).
Ensaio Geral
; Sábado, às 22h, no Arena Futebol Clube (Setor de Clubes Sul). Ingresso: R$ 10.
Coisa Nossa
; Domingo, às 20h, no Roda do Chopp (Núcleo Bandeirante). Ingresso: R$ 15.
Observação: todos os locais não são recomendados para menores de 18 anos.
Na próxima sexta-feira, confira os fãs da dança de salão