Los Angeles - O cineasta francês Michel Gondry, com a reputação de ter conquistado os intelectuais americanos com filmes como "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" e "Rebobine, por favor", estreia nesta sexta-feira sua primeira grande produção hollywoodiana, "Besouro verde" ("Green Hornet", no original) e afirma: "Não sou um intelectual".
"Tenho o complexo de não ter lido o suficiente, e por isso quando as pessoas dizem que sou um diretor intelectual, começo a rir. Eu não sou assim, absolutamente", disse à AFP Gondry em uma entrevista realizada em um trailer no estúdio Sony de Los Angeles, onde falou de seu primeiro ;blookbuster;.
O filme é a adaptação em 108 minutos da série de televisão "Besouro verde", que chega ao cinema sem economizar nos efeitos especiais com o protagonista Seth Rogen, o ator canadense da moda, após escrever e protagonizar comédias como "Superbad - É hoje" (2007) e "Segurando as pontas" (2008), que o transformaram em uma estrela do humor americano jovem.
"Sempre gostei dos grandes filmes para o grande público. Não fico louco com os filmes nos quais os personagens são muito sérios ou pretensiosos. Gosto dos filmes populares, como ;De volta para o futuro;, gosto de Bill Murray, Monty Python", revelou o cineasta de 47 anos.
Sua carreira por trás das câmeras começou no mundo dos vídeos musicais, onde chegou a inventar técnicas de filmagens nos trabalhos que fez para a cantora islandesa Bj;rk com os videoclipes "Human Behaviour" e "Army of Me".
Mas, depois de uma carreira onde pôde realizar projetos pessoais, entre eles "The Science of Sleep" (2006), com o mexicano Gael García Bernal e a atriz francesa Charlotte Gainsbourg, Gondry afirmou que queria experientar como era fazer um filme com orçamento estimado em 90 milhões de dólares.
"Eu queria fazer um filme de ação, mas de ação com comédia", declarou.
"Tenho uma longa história com este projeto (;Besouro verde;) porque estive trabalhando o roteiro há alguns anos. Portanto, eu estou desde o início desta nova versão", contou à AFP, após acrescentar que Kevin Smith e George Clooney pensaram em dirigi-lo em certo momento.
O cineasta não conhecia Rogen, de 28 anos, quando seu nome chegou ao projeto, e então viu o que o ator havia feito até agora: comédias para jovens sucessos de bilheteria.
"Vi algo muito atraente nesses filmes, e pensei que podia ser uma boa base: Seth, o roteiro, trabalhar com ele neste projeto".
No filme, o personagem de Rogen, Britt Reid, é um menino rico de Los Angeles, filho de um magnata da imprensa que morre misteriosamente, e ele, como herdeiro, se interessa em combater o crime auxiliado por um dos funcionários mais geniais de seu pai, Kato, interpretado pelo astro pop taiwanês Jay Chou.
O vilão da história é encarnado pelo alemão Christoph Waltz, vencedor do Oscar em 2010 por seu papel em "Bastardos Inglórios", e a musa do protagonista é Cameron Diaz.
O verdadeiro super-herói é um carro com poderes especiais. "Eu contribui com minha visão do carro, das situações, tive certo espaço na história para fazer algo mais pessoal, para garantir que tivesse lugar para me expressar", disse o diretor.
Entre as diferenças que Gondry enumerou sobre fazer uma megaprodução e um filme independente, "é que tem tempo para fazer com que as cenas funcionem a toda hora (...) e depois está a edição, onde é preciso tomar um monte de decisões e há muita gente dando opiniões, mas sou flexível", reconheceu Gondry.
Na trilha sonora ele participa com sua bateria. "Não sou muito talentoso, mas toco, estou fazendo um álbum com minha namorada agora", revelou, sem dar mais detalhes.
O cineasta, que vive entre Los Angeles e Brooklyn, disse que, por enquanto, não tem "nenhum projeto grande, mas muitos pequenos".
Ao ser consultado sobre se lê as críticas, disse: "Gostaria de poder dizer que não, mas sim".
"Não é necessariamente agradável. Eu sempre tenho a esperança de que me entendam e perdoem, e às vezes sinto-me ferido, mas este filme é um trabalho em equipe, que não será sentido de forma tão pessoal se as pessoas não gostarem", disse o diretor do clássico "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" (2004).