Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Seleção do elenco é um dos trunfos de filmes do ano, como O homem do futuro

;Atuações brilhantes e diversão inteligente;, como destaca o diretor Alain Fresnot, estão entre os predicados de Família vende tudo, projeto que consumiu cinco anos de trabalho dele. Fresnot se apressa em reforçar: ;Sou bem suspeito para falar de tudo;. O otimismo do realizador, o mesmo de Ed Mort e Desmundo, tem razão aparente: seu novo filme deve chegar aos cinemas em março, com 120 cópias. Na trama, uma família aprofunda a veia trambiqueira quando coloca uma das integrantes na reta de um plano que prevê uma herança polpuda, caso ela engravide de um cantor sertanejo.

;Trata-se de um gênero com boa aceitação popular, e trabalhei uma comédia de situação, um pouco crítica e bem diferenciada. Tô num grupo A;, brinca Fresnot, ao citar o elenco. O quarto filme da carreira traz de Lima Duarte a Luana Piovani, passando por Vera Holtz (;uma comediante sutil e nata;), Marisa Orth e Beatriz Segall.

O público brasiliense, que assistiu ao longa no projeto Teste de audiência, respaldou escolhas do diretor, bem como interferiu em opções de finalização. ;Em função de algumas opiniões, mexi mais no fim do filme. O teste é um trabalho de pesquisa sério e traz uma boa ferramenta para o diretor. Acho que Família vende tudo ficou bem redondo: teve 93% de aprovação, e na definição das categorias, pendeu para bom, muito bom e excelente;, explica Alain Fresnot.


Comédia romântica
Para além das gargalhadas, o teor romântico promete se infiltrar no longa O homem do futuro, de Claudio Torres, autor do feito de levar 2,4 milhões de espectadores aos cinemas, em 2009, com A mulher invisível. ;Acho que o público gosta de qualquer filme, desde que ele seja bom. Mundialmente, a comédia é algo bem aceito. Entreter, de alguma forma, sempre foi função primordial do cinema. Comédia remete à própria raiz do cinema. O que provoca sentimento ; independentemente de ser riso ou choro ; é o que supre o desejo do público;, observa o cineasta.

Se até setembro (mês em que o filme chegará às telas) toda a estratégia de lançamento da comédia estará consolidada, por enquanto, resta ao diretor comemorar o azeitamento da mecânica das leis ligadas ao audiovisual, ;que deixam espaço para melhor costurar etapas de produção e lançamento, com foco mais preciso nos orçamentos;. Sendo o ;cinema uma arte incerta;, pelo que sublinha Torres, o imponderável diminui a influência sobre O homem do futuro, a partir de enorme detalhe na escalação do elenco, que contempla Wagner Moura, içado a um patamar único nas telas, desde Tropa de elite.

;O ponto de partida para a seleção dos atores é sempre gerado pela história. Claro que gosto de trabalhar com atores experientes e consagrados, mas busco o melhor ator para aquele determinado papel;, comenta. A desenvoltura de Moura, e o caráter camaleônico dele, como o cientista quântico que vai se encontrar consigo, rejuvenescido, no passado, não deixaram de surpreender Torres. ;É bonito ver um craque jogar, e o Wagner Moura é um monstro;, sintetiza.


Três perguntas// Marcos Didonet
Com proposta semelhante à da esperada adaptação para o best-seller Bruna Surfistinha (estrelado por Deborah Secco e distribuído pela Imagem Filmes), e distante da onda cômica que moverá 2011, Assalto ao Banco Central é forte aposta da produtora Total Entertainment, da qual Marcos Didonet é um dos sócios. Morador de Brasília até meados dos anos 1980, o produtor, que foi um dos responsáveis por sucessos como Se eu fosse você 2 e Divã, tem, como defende, a tarimba de transformar ;filme em evento;. A história do pacífico crime ; com saque de R$ 160 milhões, ocorrido em agosto de 2005, em uma unidade do Banco Central em Fortaleza ;, transposta para as telas, ganha mais visibilidade pelo elenco que inclui Lima Duarte, Giulia Gam, Eriberto Leão, Juliano Cazarré e Hermila Guedes.


Qual a sensação de lidar com, pelo menos, 11 personagens importantes? Foi possível harmonizar egos e afinar interpretações?
Nossas produções sempre trabalham com a harmonização de todos os segmentos: da fotografia ao roteiro, passando pela direção de arte e pelo figurino, tudo se integra ao espírito coletivo. E o elenco também sente-se parte dessa família, que passa a conviver pelo menos durante três meses. No caso deste filme, fizemos questão de reunir um elenco estelar, pois praticamente todos são protagonistas da história. Ninguém ali é dispensável.

Vocês optaram por que tom, no produto final? E qual a brasilidade injetada que diferencia o filme de produtos estrangeiros similares?
É o que no Brasil sabemos fazer melhor, a trama, a ginga de uma cultura rica e multifacetada. Por mais que os personagens tenham seus perfis definidos, não caminham somente por esse trilho. Por exemplo: se o perfil é de um personagem violento, cínico e frio, há espaço para o descontrole, para uma recaída por amor, para algum tipo de arrependimento. O que imprimimos neste filme é a perspectiva de desvendar o que aconteceu na cabeça daquela quadrilha durante os dias de tensão, trabalho e sonho e por outro lado, o comportamento da polícia ao deparar-se com um caso inusitado e a pressão para elucidar o maior assalto praticado no Brasil. O filme não é propriamente de ação, é mais um filme de tensão.

Qual o mecanismo para roubar espectadores dos blockbusters estrangeiros? Que estratégia primordial será adotada?
É fazer o que fizemos nas outras produções da Total Filmes. Um filme de alta qualidade, com trilha sonora que vai surpreender, uma boa data para a estreia e uma estratégia de lançamento com grande campanha nos meios de comunicação, lançamento de um livro, produção de games e forte ação nas redes sociais on-line. Lançar um filme, geralmente, corresponde a investir 35% do custo de produção.