Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Paula Fernandes vê a popularidade crescer após dividir palco com o Rei

Paula Fernandes contabiliza mais de 95 mil cópias vendidas de seu disco Pássaro de fogo (lançado em 2008 pela major Universal Music). Mas, para muita gente, o primeiro contato com a voz da cantora e compositora aconteceu no especial televisivo de Roberto Carlos. No programa exibido em 25 de dezembro, o Rei se derreteu em elogios à bela mineira de Sete Lagoas ; o que gerou boatos de um romance entre os dois. Paula nega o affair e diz que eles são apenas bons amigos. A aparição da cantora de 27 anos na tevê apenas acelerou o inevitável sucesso. Paula começou a cantar na infância (em 1993, lançou o primeiro LP) e, durante muitos anos, apresentou-se em rodeios pelo Brasil. Aos 18 anos, ela voltou para Belo Horizonte para fazer faculdade de Geografia. Paralelamente, cantava em bares da capital mineira e lançava discos por selos independentes. Dona de uma voz distante dos cacoetes do gênero sertanejo, ela foi indicada ao Prêmio Tim de Música Brasileira, na categoria de melhor cantora popular, em 2006. No ano seguinte, algumas de suas gravações começaram a aparecer em trilhas sonoras de novelas. Depois, vieram as parcerias e a reverência de cantores como Zezé Di Camargo e Leonardo. E, finalmente, o convite para se apresentar com o Rei Roberto Carlos. Quais foram os principais momentos da sua carreira em 2010? Em primeiro lugar, o especial do Roberto. Em segundo, a gravação do Emoções sertanejas, também com o Roberto. E em terceiro, a gravação do meu DVD, em outubro. Como você reage a todo esse sucesso? Estou tranquila. Tenho profissionais que me auxiliam. É uma momento de colheita, depois de toda uma preparação. Estou vivendo coisas que eu nunca imaginava passar. Como amadureci cedo, estava preparada. Espero ter paciência e compreensão para lidar com tudo isso. Como começou o seu interesse pela música? E o que faz parte da sua formação musical? Foi por acaso, aos 8 anos de idade. Insisti durante três dias para que a minha mãe me ouvisse cantar Desculpe mas eu vou chorar, de Leandro & Leonardo. Quando ela finalmente me ouviu, percebeu que tinha talento. A minha raiz é totalmente sertaneja. Sempre ouvi modas de viola quando criança. A partir dos 10 anos, tive os primeiros contatos com música estrangeira, ouvindo, por exemplo, Bee Gees e Simon & Garfunkel na casa de um tio, que tem uma discoteca enorme. Daí foi natural. E fui desenvolvendo minha personalidade musical, o meu lado compositora, o meu jeito de compor e cantar. E quem são os seus ídolos na música? Tenho muitos ídolos. Eu brinco que alguns viraram fãs, por exemplo, Zezé Di Camargo, Leonardo, Almir Sater. O que mais você gosta de ouvir? O que está no seu iPod? Tenho tudo aqui, sou bem eclética para música. Tenho ouvido muito o último CD de Leonardo. De internacional, tem Keane, que adoro. Também adoro U2 e Coldplay. Fiz uma releitura de Man, I feel like a woman, da Shanya Twain, brincamos um pouco com o arranjo. Estou sem planos para um DVD ou CD em inglês, mas gostaria de fazer. Adoro a língua. O inglês é supermelódico. Se eu tiver oportunidade, vou fazer sim. Você considera o meio sertanejo machista? Sempre enfrentei muitos preconceitos. Mais quando eu não era uma cantora conhecida do que por ser mulher. Estamos num momento de mudança, de renovação. Vou encorajar cantoras que estão por aí, gente de talento, a acreditar no sonho. Sou uma representante dessa mulherada e fico muito orgulhosa, tanto como cantora quanto como compositora. Especialmente num cenário dominado por duplas masculinas. Você já teve algumas composições gravadas por outros artistas. Qual delas te deixa mais orgulhosa? E quem você gostaria que gravasse uma música sua? Fiquei muito orgulhosa a primeira vez que uma música minha foi gravada por uma dupla conhecida. No caso, a música Sem você, gravada por Victor & Leo, depois por Bruno & Marrone. É uma grande alegria uma dupla de peso gravar uma composição minha. Eles ajudaram a levar essa música para todo o Brasil. Recentemente, gravei uma parceria minha, com o Zezé (Di Camargo), chamada Pra você. Eu gostaria muito que ele gravasse uma música minha ou uma parceria nossa. Como é o seu processo de composição? Totalmente inesperado, pode acontecer em qualquer momento, no trânsito, no banho, de madrugada, de manhã. Não consigo parar para compor uma canção. Em poucos casos, eu fiz assim, como, por exemplo, uma encomenda da Globo de uma canção sobre Minas. Eu sabia que tinha que fazer aquilo, mas a inspiração apareceu num avião. Quando cheguei em casa, terminei a canção. Não é racional, não. Quantos exemplares de Pássaro de fogo (2008) foram vendidos? Até a última vez que eu tive notícia ; inclusive, quando ganhei o disco de platina (risos) ;, foram 95 mil cópias vendidas. Mas isso já faz algum tempo, já deve ter vendido um pouco mais. E que mudanças você percebeu na carreira desde que assinou com uma grande gravadora? Na verdade, muda tudo. Principalmente, levando o tamanho que tem essa estrutura profissional. Obviamente, faz toda a diferença. Tenho acesso mais fácil para chegar até uma tevê e fazer divulgação em rádio. Antes, eu podia até ter mais liberdade, mas a minha música não chegava até o grande público. Você já é reconhecida na rua? Como está o assédios dos fãs? Está bem grande, mas sempre muito carinhoso. As pessoas chegam querendo dar um abraço, um beijo, parabéns porque me viram com Roberto ou já acompanhavam o meu trabalho antes. E isso tudo é muito bem-vindo. Quanto mais exposição, mais conhecida na rua eu vou ficar. Comecei a cantar cedo, mas sem pensar em ficar famosa ou rica ; isso é uma consequência do que eu faço e aprendi isso muito cedo. Quais são os planos para 2011? Lançar o meu DVD, Paula Fernandes ao vivo, que deve estar nas lojas a partir do dia 26. O show tem a participação de Victor & Leo, Leonardo, Max Vianna e, nos extras, do Almir Sater. Quero também fazer shows pelo Brasil inteiro. E espero saúde, paz de espírito e sabedoria para lidar com o que vem aí neste ano. Você já cantou em Brasília algumas vezes. Tem boas recordações da cidade? Em Brasília, a resposta ao meu show sempre foi excelente. Mesmo antes de eu ser mais conhecida. O público participa, canta junto, tenho muitos fãs aí. Fico muito agradecida sempre que passo por Brasília. Como tem sido a repercussão da sua participação nos especiais do Roberto? O pessoal conhecia a minha música, mas não conhecia o meu rosto. A partir do momento que eu desci do palco, surgiu uma curiosidade muito grande em saber quem é aquela menina. E a minha aparição no Fantástico (no último domingo) serviu para complementar a minha história. As pessoas estão tomando consciência de quem é aquela voz que elas ouviam nas novelas. E como começou essa história de que você e o Roberto estariam namorando? Não sei, menino (risos). Sinceramente, não sei não. É normal que isso aconteça, afinal é um homem e uma mulher. Teve uma repercussão grande depois do show. Ele é um cara espetacular. É sereno, sensato, querido, extremamente humilde, simples, foi um cara super-receptivo, me respeitou pra caramba. É natural que as pessoas falem isso. É muito bom ser amiga do Rei. Você continua solteira então? Sim (risos). Você tem interesse de gravar discos de outros gêneros? Não gosto muito de rotular a minha música. Independentemente do gênero, se é boa música, é boa. Aceitaria convites sim. Não tenho preconceito, sou muito eclética tanto para ouvir quanto pra interpretar. Claro que a música tem que ter a ver comigo. Tenho a minha raiz sertaneja, fui criada no interior, na roça, até a idade de começar a estudar. Naturalmente, uso esses elementos do campo para falar das coisas como eu acredito que elas deveriam ser, menos superficiais. Convites são convites, eu adoraria fazer alguma coisa diferente. Mas o futuro a Deus pertence, em todos os sentidos (risos).