A voluptuosa morena era Gaby Amarantos, a musa do tecnobrega, chamada de Beyoncé do Pará, que já no segundo número, Vermelho (Chico da Silva), o canto clássico do boi Garantido, de Parintins, tinha a plateia aos seus pés, fazendo coro com ela. Quando cantou Faz o T (gíria de seu estado), uma composição autoral, viu algumas pessoas repetindo a coreografia que fazia no palco. Na emblemática Maria Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant), também teve o povo ao seu lado.
Bem à vontade em cena, no seu primeiro show na capital ; três anos antes, ela havia participado de uma feira de música independente, no Teatro Nacional Claudio Santoro ;, Gaby saudou a presidente que acabara de ser empossada e elogiou o fato de a diversidade ter sido a marca do encontro entre cantoras, representantes de diversos segmentos da MPB e de diferentes regiões do país.
Em duo, apresentou Mulheres (Martinho da Vila) com Mart;nália; Sinhá Pureza, com Fernanda Takai; Chão de giz (Zé Ramalho), com Elba Ramalho, e juntou sua voz poderosa às delas e a de Zélia Duncan no bis ; um pot-pourri de forrós, frevos e dos sambas-enredos Aquarela brasileira (Silas de Oliveira) e É hoje (Didi e Maestrinho), deixando rolar sua faceta festeira ao lado das colegas de ofício.
Desde que começou a se destacar na cena de Belém ; e ter seu trabalho repercutido por Regina Casé, no programa Brasil total (Rede Globo), e pelo antropólogo Hermano Vianna, em estudo sobre os novos ritmos do norte do país ;, Gaby vem marcando presença em programas de tevê de grande audiência. Neles, aproveita para divulgar o tecnobrega, a levada que sucedeu a guitarrada na música paraense.
Por falar nisso, a La Popuña, banda que a acompanha atualmente, é a mais representativa da guitarrada. ;Trouxe a La Popuña para o tecnobrega, e a junção com batidas eletrônicas resultou numa sonoridade pra lá de dançante;, revela a cantora ao Correio. Antes, ela tinha a companhia da banda Techno Show, com quem gravou, em 2005, do primeiro CD solo, que vendeu 100 mil cópias. Depois, lançou mais dois álbuns e dois DVDs ; o segundo, em 2010, pela Som Livre. ;O novo disco, que lanço este ano, tem direção musical de Carlos Eduardo Miranda, Kassin e Berna Ceppas;, adianta.
Na paróquia
Chamada também de Lady Gaga da Amazônia, Gabriela Amaral dos Santos (nome verdadeiro de Gaby Amarantos) é cantora desde os 15 anos. ;Comecei cantando na Paróquia de Santa Terezinha do Menino Jesus, no bairro de Jurunas. Como as pessoas preferiam ir às missas em que eu me apresentava, rolou um ciúme na paróquia e aí fui expulsa. Arrasada, fui me consolar com uma amiga no Bar do Silva. O dono já me conhecia e fui contratada para cantar ali, onde fiz muito sucesso como intérprete de MPB;, recorda-se.
No Bar do Silva, ela passou a receber convites para ser vocalista de algumas bandas. ;Acabei trocando clássicos da MPB pela música brega do Pará. No Techno Show propus a introdução de riffs acelerados de guitarra brega tradicional, feita por instrumentistas como Chimbinha, da Calypso, adicionando batidas eletrônicas. Surgia, então, o tecnobrega;, conta.
Gaby, que foi influenciada por cantoras como Clara Nunes, Ella Fitzgerald e Billie Holiday, o cantor Reginaldo Rossi e a banda Kaoma, afirma, porém, que sua referência maior é mesmo Jurunas, o bairro onde nasceu e mora até hoje. ;No Jurunas você acorda com barzinhos tocando música dor-de-cotovelo e com carro passando tocando batidão, enquanto o vizinho coloca rock bem alto.;
100 MIL
Total de cópias vendidas do primeiro CD solo de Gaby Amarantos
Total de cópias vendidas do primeiro CD solo de Gaby Amarantos
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