Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Tudo por ela, um trhiller de 72 horas de tirar o fôlego do público

São Paulo ; Se todos os maridos fossem como o professor John Brennan, qualquer guarda penitenciário teria motivos de sobra para viver em pânico. Em 72 horas, do diretor e roteirista Paul Haggis, ganhador do Oscar por Crash ; No limite (2004), Russell Crowe vive um anti-herói que não mede esforços para resgatar de uma penitenciária no meio de Pittsburgh, Pensilvânia, sua mulher, condenada por homicídio. Vale consultoria com um ex-preso que escapou sete vezes, vender a casa para conseguir dinheiro, comprar arma e documentos falsos e até destravar um carro com uma bola de tênis, técnica aprendida na internet. Mesmo com tantos exageros, o filme que estreia amanhã é um thriller policial repleto de boas surpresas.

Depois de encarnar Robin Hood, Russell Crowe volta às telas como este pai de família que não se conforma em ver seu filho pequeno sofrer e em ter sua mulher encarcerada, condenada a 20 anos de prisão por matar a chefe. Para John, Lara (Elizabeth Banks) é inocente, mesmo que todas as evidências ; de testemunhas a impressões digitais na arma do crime (um extintor de incêndio) ; provem o contrário. Quando a esposa tenta se suicidar, e a última apelação na Justiça é negada, ele não vê outra escolha senão a fuga. E começa a estudar o dia a dia da prisão, em todos os seus detalhes, em busca de um plano. A situação piora quando descobre que ela será transferida em apenas três dias ; daí o nome do filme ; e tem que partir para o tudo ou nada.

O longa de Paul Haggis é uma refilmagem do francês Tudo por ela, do diretor Fred Cavayé, lançado em 2008 sem grande estardalhaço. Na versão europeia, Vincent Landon e Diane Kruger interpretam o casal principal em um filme mais lento do que na versão americana, temperada com muita ação, suspense e drama. Apesar dos acréscimos, Haggis fez questão de manter a maioria dos diálogos e buscou até mesmo uma fisionomia parecida entre todos os personagens nos dois filmes. E se exagerou nas cenas de luta, tiros e perseguições de automóvel (afinal, John era um pacato professor de literatura), o diretor canadense acertou em cheio na dose de tensão, deslocando revelações desconcertantes para a parte final do filme, algo que não acontece na versão francesa.

Produções sobre uma família em apuros e um homem que não mede esforços para manter a tranquilidade do lar e todos os integrantes juntos existem aos montes, mas em 72 horas o protagonista vai além. O desesperado John Brennan não mede consequências, relega o emprego, se afasta dos pais, põe a própria vida e a do filho em risco e se transforma em outra pessoa, um criminoso irreconhecível, bem ao estilo ;os fins justificam os meios;. Até onde um homem iria por amor? É essa a pergunta, tão cafona quanto difícil de responder e apresentada em circunstâncias extremas, que o diretor provoca no público.

Bilheteria
Único filme lançado nos Estados Unidos no mesmo dia em que o sétimo longa da franquia arrasa-quarteirão Harry Potter, 72 horas fracassou em bilheteria por lá. Apesar do currículo de sucesso do diretor Paul Haggis (diretor de Crash, roteirista de Casino Royale e Menina de ouro), e do protagonista Russell Crowe (eternizado em Gladiador e Uma mente brilhante), 72 horas não arrecadou metade do orçamento de US$ 30 milhões.