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Diversão e Arte

Livro traça a carreira de Elsvis desde a euforia até a depressão, em 1977

Do deslumbramento inicial à falta de inspiração na fase final da carreira. Elvis Presley, o mito, teve uma vida tão discrepante quanto curiosa. Empolgado nos primeiros trabalhos e depressivo, sem o mesmo apetite de antes, no fim da carreira. Parece dois personagens distintos de um romance. Mas os fãs do eterno rei do rock sabem que se trata dele, a lenda. São momentos como esses que o dinamarquês Ernst Jorgensen apresenta aos leitores brasileiros no livro Elvis Presley ; A vida na música, lançado pela editora Larousse.

Apreciador de romances policiais desde criança, Jorgensen utilizou das ;experiências; nesse tipo de literatura para investigar a vida do homem que revolucionou a música norte-americana a partir dos anos 1950. Fã de Elvis, o escritor queria saber as histórias por trás de cada canção. ;O meu sonho era que de alguma forma me envolveria com a música de Elvis Presley: que entenderia como, onde e por que ela foi feita;, conta o autor na introdução. A paixão por Elvis levou o então jovem Jorgensen a abandonar a universidade e seguir carreira no mercado fonográfico. O rei, e sua musica, o levou à BMG. Diretor da gravadora, Jorgensen mergulhou nos arquivos da RCA para produzir o livro.

Cada capítulo trás o ano de Elvis na música ; do início, em 1955, até a morte, em 1977. Na primeira parte, o autor leva o leitor até as reminiscências do rei do rock na infância. No ambiente familiar, a música gospel foi a fonte de inspiração inicial. Desse período, ele homenageia as próprias lembranças de criança ao cantar numa das várias sessões no Stax Studios, em Memphis, Columbus stockade blues.

Intimidade
E nesse clima de intimidade com o mito, o fã ;participa; de sessões de estúdio, descobre como eram selecionadas as músicas e quem investiu na carreira do menino magrelo do interior, com espinhas e que deu outro rumo ; música. É preciso saber que sem a persistência de Sam Phillips, do Sun Studio, Elvis não teria nem saído de Memphis. Outro que impulsionou a carreira foi o DJ Bob Neal, que levava o som meio blues, meio western country, meio jazz e cheio de R & B da nova revelação a outros estados americanos.

O trio, formado também por Scotty Moore e Bill Black, foi descoberto pelos executivos da gravadora RCA Victor durante show em Richmond, Virgínia. Curiosamente, eles estavam naquela noite para prestigiar a nova aposta da RCA Jimmie Rodgers Snow. A major da indústria fonográfica acabou pagando pela descoberta de Sam Phillips US$ 35 mil. Heartbreak Hotel foi a primeira aposta de Elvis na nova casa.

O livro de Ernst Jogersen também acompanha a trajetória de Elvis em musicais na televisão, filmes no cinema, os ensaios e gravações. Tudo visto pela ótica da música e acompanhado de um ficha técnica impecável. As particularidades só são expostas pelo fato de influenciar diretamente na carreira musical. Como, por exemplo, o fim do casamento com Priscilla Presley, em 1972. A separação moldou a escolha do repertório, com músicas mais tristes e sentimentais. O cantor, inclusive, chegou a dizer no fim da carreira que estava ;entediado de ser Elvis Presley;.

Se, por um lado, existem várias biografias dedicadas às intimidades do rei do rock, esse lançamento é mais completo por focar o que realmente importa para um fã: sua obra.

Elvis Presley ; A vida na música
De Ernst Jorgensen. Editora Larousse. Número de páginas: 575 paginas. Preço: R$ 69,90.