Terceira ocupante do Teatro Plínio Marcos do Complexo Cultural Funarte, a atriz paulistana Ana Nero trabalha a pleno vapor. Ela é a sucessora do grupo Teatro do Concreto e do ator paulista Gustavo Sol, que, desde setembro, estimulam pesquisas e experiências artísticas, além de favorecer o intercâmbio entre artistas locais e de outras cidades. Em seu projeto Encontro de Expressões Contemporâneas, Ana Nero decidiu trazer para Brasília peças de regiões diversas do país que tenham chamado atenção em seus estados de origem. ;Tentei privilegiar espetáculos com forte pegada autoral e que desenvolvessem uma linguagem atual;, descreve. Na segunda etapa de sua ocupação, ela estreará uma versão local de seu texto inédito Mais uma dose para consumir em alguma noite de insônia.
Hoje é encenada a peça Kd eu?, em que clowns se dedicam a responder à complexa pergunta que uma mulher faz para o marido. ;A direção é da Bete Dorgam, uma importante pesquisadora da linguagem de clown em São Paulo. A peça está afinada com a minha tendência, de buscar o ator físico, performer;, explica Nero. No sábado, será a vez da produção local Adubo ou a sutil arte de escoar pelo ralo voltar ao palco. O espetáculo, dirigido por Hugo Rodas, já rodou o país com o projeto Palco Giratório, do Sesc.
No domingo, chega ao palco da Funarte um espetáculo inédito na cidade: Festa de separação, documentário cênico de Janaína Leite e Felipe Teixeira, retrata o processo, real, de ruptura do casamento dos dois. ;Ao longo desse processo, fizemos várias festas para ritualizar o momento. Misturamos nosso fazeres, já que sou músico e ela é atriz a estamos de fato ali, para discutir as relações amorosas na contemporaneidade;, destaca Teixeira. O Paraná será representado pela peça Os leões, texto de Pablo Miguel de la Vega Y Mendoza, dirigido por Nadja Naira. A história gira em torno de dois homens que dividem um apartamento e mantêm uma relação subjetiva e onírica.
Além das peças alinhavadas nos palcos do país, a curadora e realizadora abriu espaço para dois trabalhos em andamento, os chamados work in progress: um é Íntima visão de um corpo surrado, criado pela dupla João Pirahy e Flávia Spinardi. Inspirado em fotos do artista plástico Jan Saudek, o processo usa poesia pra falar do absurdo da guerra. ;É quase surrealista, denso, erótico;, descreve Ana. O outro é seu próprio texto, Mais uma dose para consumir em alguma noite de insônia. Para contar a história, inédita, de Luísa Bukovski, mulher que vaga pela noite em busca de prazeres efêmeros e vive um romance com o Jovem Werther, ela convidou o diretor Ernani Sanchez. Para viver o jovem amante, a atriz fez um teste para atores interessados, no último fim de semana. O escolhido foi o ator José Reis, de 18 anos. ;Além de corresponder às necessidades físicas do personagem, ele tem conhecimentos de dança, domínio corporal, verdade, personalidade forte e carisma;, elogia Ana Nero.
Procura-se
Além do personagem do Jovem Werther, a montagem precisa de uma atriz de Brasília para viver a mãe dele. O perfil desejado para esse papel é uma mulher com idade entre 45 e 60 anos. É preciso ter experiência teatral, já que os ensaios durarão menos de um mês. Os atores ganharão uma ajuda de custo de R$ 500 e 5% do rendimento da bilheteria. O teste para a escolha da atriz será no dia 13, próxima segunda-feira, entre 15h e 18h, no Teatro da Funarte. Quem quiser acompanhar o projeto pode acessar o blog encontrodeexpresso escontemporaneas.com.br.
KD EU?
Espetáculo dirigido por Bete Dorgam. Hoje, às 21h, no Teatro Plínio Marcos do Complexo Cultural Funarte (Eixo Monumental ; Setor de Divulgação Cultural ; Lote 2 ; 3322-2076). Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia). Não recomendado para menores de 15 anos