O triângulo formado por Conic, Conjunto Nacional e Rodoviária se transforma a partir de hoje em palco de performances de artistas de todo o Brasil. Quem passar por ali até sábado e se deparar com andares esquisitos, agrupamentos festivos ou projeções bizarras não precisa alimentar interrogações: é arte e necessita da participação do público para fazer sentido. E sim, há um sentido. Ou vários. Organizado e produzido pelo Corpos informáticos, grupo de pesquisa do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (IDA/UnB), o encontro Performance: corpo, política e tecnologia quer mobilizar artistas e população em torno de discussões que começam em grandes auditórios e terminam em movimentados espaços públicos.
A maratona envolve debates, workshops e ações urbanas com o propósito de discutir o lugar da performance na produção artística contemporânea e a maneira como a prática se relaciona com o corpo, a atitude política e a tecnologia. ;A performance tem caráter político exatamente por causa do contato direto com a população que não ousa entrar em galerias e museus. É feita com o corpo do artista, mas também do transeunte. A tecnologia entra porque é o momento atual. Vamos discuti-la tanto do ponto de vista positivo, que seria a transmissão, quando do ponto de vista crítico;, avisa Bia Medeiros, coordenadora do Corpos Informáticos. No total, o evento realizado com R$ 70 mil do edital Cultura e Pensamento da Petrobras vai receber 20 convidados de Brasília e 30 de outros estados e países. Todo o evento também será transmitido on-line e alguns convidados participam por meio de teleconferências.
Colaborativo
Na performance, noções como trabalho colaborativo e redes são fundamentais para permitir a realização das intervenções. É com essa ideia em mente que a pesquisadora paulista Lilian Amaral e o argentino Daniel Toso conduzem o primeiro workhsop do evento, que levará os participantes a percorrerem espaços públicos da cidade. O ato culminará em uma projeção de imagens em frente ao Conic. ;A performance é uma arte que ocorre no fluxo de encontros ou desencontros das pessoas com o espaço urbano;, explica a pesquisadora. ;Nós queremos pensar em como quem mora em Brasília vê a própria relação com a cidade. Quais são os lugares em que as pessoas se relacionam. O espaço público é um espaço de negociação das diferenças.; Lilian e Toso fazem parte do Pocs, uma rede que reúne artistas da América Latina e do mundo.
Quatro temas orientam os debates do encontro. Além das redes colaborativas, tema da palestra de Lilian e Toso, estão programadas as mesas Conceito da arte da performance, Performance e novas tecnologias, Performance, cidade e coletivos e Performance e monstrutivismo.
Bia Medeiros escolheu a região central de Brasília para realizar o encontro com a intenção de atingir a maior quantidade possível de público. Os debates acontecem na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes para ficarem mais próximos dos locais de performance. Os artistas vão ocupar do gramado em frente à Rodoviária aos banheiros públicos. O baiano Zmário quer repetir trabalho realizado durante a epidemia da gripe H1N1, no ano passado, e vai lavar as mãos compulsivamente nos banheiros do Conic e a também baiana Rose Boaretto vai andar pela cidade acompanhada de uma casa de papelão na performance Tomara que não chova. Shima, artista de São Paulo, vai circular entre o Conic e o Conjunto Nacional na performance Procura-se e os goianos do Empreza pretendem construir um muro em pleno centro comercial.
Programe-se
HOJE
9h
Abertura oficial
Das 10h às 12h
Mesa: Conceito de arte da performance
Maria Beatriz de Medeiros (DF)
Daniel Toso (Argentina/Espanha)
Lúcio Agra (SP)
Debatedora: Daniela Labra (RJ)
Local: Teatro Dulcina de Moraes. CONIC. SDS
Performances
12h
Performance: Grupo Empreza (GO)
Local: Conic. SDS
14h
Poesia eletrônica: Lúcio Agra (SP)
Local: Teatro Dulcina de Moraes. CONIC. SDS
15h
Politucs(?): Luisa Gunther e Ary Coelho
Local: entre o Conic e o Conjunto Nacional
15h30
Anuncie aqui: Tuti Minervino (BA)
Local: semáforos do Conic e da Rodoviária
16h
Luto: Maicyra Leão (SE)
Local: Em frente ao Conic
16h30
Fluorescência Z1M1: Zmário (BA)
Local: banheiros da rodoviária
Luxo, elegância e sofisticação: Maria Eugênia Local: Rodoviária
Tudojunto: Turma de performance
Local: Rodoviária
17h
Giro Copérnico com lã: Polyanna Morgana (DF)
17h30
Gallus sapiens parte II: Victor de La Roque (PA), Local: Conic
18h
Procura-se: Shima (SP)
Local: entre o Conic e o Conjunto Nacional
Das 19h às 20h
Mostra de vídeos
; Ana Reis (Uberlândia, MG)
Trajeto com beterrabas e Ensaio
sobre o muro
; Claudia Schulz (Santa Maria, RS)
Dramaturgia da carne
; Grasiele Sousa (SP)
Cabelódromo
; Gê Orthof (DF)
O livro de fundo
; Heróis do Cotidiano (RJ)
A grande faxina 1
; Tuttaméia (DF) e Lucas Laender (Uberlândia, MG)
Terceiro endereço. Estufa
; Juliana Cerqueira
Som-ma
Local: Teatro Dulcina de Moraes, Conic