Hoje, às 14h30, a Sala Martins Pena do Teatro Nacional Claudio Santoro acolhe a abertura da Mostra Digital Brasília, segmento gratuito do 43; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro que exibe 67 curtas-metragens da cidade realizados com equipamento digital. Os filmes concorrem ao Troféu Câmara Legislativa do DF, com prêmio de R$ 10 mil. Em outra sessão do evento, a Mostra Competitiva Digital traz 22 curtas de todo o país que serão avaliados pelo júri do festival. Na lista, sete produções locais, selecionadas exclusivamente para a competição oficial: De bem com a vida: Carlos Elias e o samba de Brasília, de Leandro Borges; Do andar de baixo, de Luísa Campos e Otavio Chamorro; Entrevãos, de Luísa Caetano; Negócios à parte, de Juliana Botelho; O eixo, de Ricardo Movits; O filho do vizinho, de Alex Vidigal; e O gato na caixa, de Cauê Brandão. A Mostra Digital será iniciada com a exibição de 19 filmes, seguida de debate. Às 19h30, no Gama, seis títulos serão exibidos na Praça do Centro Cultural Itapuã, com entrada franca.
Autonomia criativa, orçamento pequeno e a liberdade do ;faça você mesmo;. Naiara Rimoli, 24 anos, graduou-se em comunicação social em publicidade pela UnB, no segundo semestre de 2009, com um trabalho de acabamento artesanal e digital. ;Acho que dá pra você não só brincar, mas realizar, de fato, a sua ideia, com baixo custo e com uma pessoa, você;, diz a diretora. Um caldeirão de imagens captado em stop-motion, Na casa ao lado (6min25) é resultado de 21 mil fotografias de objetos e dos atores Maritissa Benot e Breno Figueiredo. A história revela o alvoroço causado pelo sumiço de um pé de tênis e outro de sandália da sapateira. Na trilha sonora, Muzzle of bees, da banda de indie folk Wilco.
Funcionando como vitrine e ainda como mecanismo para a integração de profissionais em formação, a Mostra Digital favorece jovens como João Lucas Braga, 23 anos, que, ao lado do colega de faculdade Raphael Cardoso, defenderá o curta Expresso (12 min), a ser exibido hoje. ;Na verdade, o filme é um projeto para aula do Iesb, então a gente buscou um roteiro em que fossem destacados aspectos ligados à montagem, à maquiagem e à direção de arte. É um drama marcado pela passagem do tempo, em que, dos 10 aos 30 anos, uma menina percebe a troca de papéis, depois de ser criada a vida toda pelo pai;, comenta o diretor.
Atrizes amadoras
As condições semiprofissionais estão por toda parte no trabalho dos colegas que se formarão em 2011, porém, nunca demarcando obstáculos. Ao contrário. Três atrizes amadoras se revezam para a protagonista: as estudantes de teatro Lorena Aires e Rebeca Castelo Branco, além da engenheira Viviane Piccinin. Um exemplo claro das portas abertas, a partir da Mostra Digital, está na recente experiência de João Lucas: visto por colegas, na função de roteirista do curta Às vezes (no ano passado), ele integra a equipe do curta local selecionado para competir na categoria 35mm Falta de ar (de Érico Monnerat), numa oportunidade cavada a partir de contatos travados em 2009.
Do tablado para o set. O mineiro Ignácio Amaral, 43 anos, cursa o quinto semestre de cinema e mídias digitais no Iesb, mas possui uma experiência de cinco curtas anteriores, desde 2003. No presente ano, com Maria Antonieta faz aniversário (19min), ele reforça a vocação para o cinema, depois de anos dedicados ao teatro. ;O filme é uma metáfora sobre grilhões que a gente não vê, que estão com a gente, e acabam se tornando evidentes nas situações de impotência frente a determinados fatos do cotidiano;, define. A ficção de Amaral desvela a violação de direitos e a violência social em uma ambientação de cidade do interior, massacrada pelo domínio do coronelismo.
Outro caso curioso entre os competidores da mostra na Sala Martins Pena está na carioca Celina Cassal Josetti que, aos 48 anos, foi selecionada com o curta Brasília do Brasil (4min54). Professora de português e formadora de colegas na rede pública de ensino, ela explicita que chegou à realização do curta sendo ;cinéfila desde a infância, nada além disso;. ;O festival dá voz aos que normalmente não têm acesso. Existe uma possibilidade de democratização, na atual maneira como o mercado audiovisual vem sendo estimulado;, observa.
MOSTRA BRASÍLIA DIGITAL
Hoje, às 14h30, na Sala Martins Pena do Teatro Nacional Claudio Santoro, abertura da mostra digital com exibição de 19 curtas-metragens digitais do DF. Às 19h30, no Gama (Praça do Centro Cultural Itapuã), mais seis filmes. Entrada franca. Não recomendado para menores de 16 anos.