Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Amado Batista lança o 31º disco e chega aos 35 anos de carreira

Ele foi batizado com um nome que também é um adjetivo. Aliás, mais do que isso. É um baita elogio: Amado. Poucos artistas no Brasil podem se gabar de chegar aos 35 anos de carreira, tendo na bagagem a marca de 25 milhões de discos vendidos. Mesmo em uma era dominada pela pirataria, o cantor e compositor goiano Amado Batista ainda é um recordista de vendas.

Prestes a completar 60 anos, em fevereiro de 2011, acaba de lançar o seu 31; CD, Meu louco amor, que em menos de um mês já é disco de ouro e de platina, atingindo a marca de 100 mil cópias comercializadas. ;Eu toco e canto o que povo gostar de ouvir. Ninguém é unanimidade, mas poucos artistas conseguiram essa marca de sucesso ao longo de toda a carreira. Talvez eu e o Roberto Carlos, que sempre vendemos muitos discos e ainda continuamos vendendo. Isso acontece muito com os cantores populares, românticos. E quando isso acontece, aí não tem jeito. É eterno;, opina Amado.

Sua trajetória tem um enredo parecido com o de muitos artistas brasileiros: origem humilde e pobre, o sonho de ficar famoso, os percalços enfrentados até chegar ao topo. Amado Rodrigues Batista nasceu em fevereiro de 1951, em uma fazenda de Davinópolis, em Goiás, na época distrito de Catalão. Aos 3 meses de idade se mudou para a cidade de Itapuranga, também no interior goiano. Lá, ainda pequeno, assistiu ao show de uma dupla caipira. Ficou encantado. ;Naquela época, eles anunciavam no alto-falante da cidade a apresentação desses cantores e eu me lembro de uma dupla tocando violão e cantando. Ali, eu percebi que era aquilo que eu queria. Cresci pensando nisso e fui conduzindo a minha vida até chegar onde cheguei;, lembra Amado.

Persistência
Os primeiros contatos com o universo de gravadoras, artistas e afins veio quando Amado Batista juntou todo o dinheiro que tinha e montou uma loja de discos em Goiânia, onde morava. Dessa forma, ele conseguiu gravar seu primeiro LP (long play), mas não obteve muito êxito com esse trabalho.

;Eu brinco que nem minha família comprou. Mas eu não desisti e o disco serviu para que pudesse ter uma orientação melhor. Eu percebi que eu estava cantando bem, e que, se tivesse uma produção, as coisas podiam ser diferentes. Foi nesse meio tempo que conheci um dos meus parceiros até hoje, o Reginaldo Sodré, e, a partir de então, a coisa deslanchou;, lembra ele, que ainda não tem show programado para Brasília com a nova turnê.

Amado estourou mesmo de uma maneira até curiosa. A canção Desisto, de 1976, colocou-o nos topos das paradas de todo o Brasil. Mais de 100 mil discos vendidos. ;Essa música é a responsável por tudo que aconteceu, depois dela, o sucesso veio mesmo;, destaca. No hospital, Secretária, Feiticeira, Princesa, Amado@.com, e o mais recente deles, sua atual música de trabalho, Desligue a luz e o telefone.

Além do novo disco, Meu louco amor, ele está preparando o lançamento do DVD com o mesmo nome e que deve ser lançado até o fim do ano. ;Vai ter as mesmas canções do CD, mas em formato de videoclipe. Cada uma vai ser diferente. A minha biografia escrita pela jornalista Aline Anjos, Amado Batista, o cantador de histórias (Editora Horizonte) também faz parte das comemorações dos meus 35 anos de carreira. É realmente muita história pra contar e cantar;, resume.

O QUE ELE DISSE...
; ;Acho que os 25 milhões de fãs que compraram meus discos ao longo da minha carreira não gostariam de ser chamados de brega. Sou um cantor romântico;

; ;Essa música (Desisto, de 1976) é a responsável por tudo que aconteceu; depois dela, o sucesso veio mesmo;

; ;Eu toco e canto o que povo gosta de ouvir. Ninguém é unanimidade, mas poucos artistas conseguiram essa marca de sucesso ao longo de toda a carreira;

DUAS PERGUNTAS - AMADO BATISTA

Como foi essa experiência de ter sido preso e torturado na época da ditadura militar?
Na época, eu fiquei muito chateado e revoltado mesmo. Fiquei dois meses preso e saí com a autoestima lá embaixo. Foi terrível. Conhecia pessoas que eram contrárias ao regime militar e, por isso, me prenderam. Eu trabalhava em uma livraria e facilitava a elas o acesso a alguns livros proibidos. Conhecia essas pessoas que detonavam quartéis e acabei sendo recolhido no Batalhão do Exército. Eles tinha até certa razão em me deter, mas foi algo terrível na minha vida.

Qual é o estilo de música que você canta? É romântico, pop? E o que acha desse rótulo de brega?
Acho que os 25 milhões de fãs que compraram meus discos ao longo da minha carreira não gostariam de ser chamados de brega. Sou um cantor romântico, versátil e um resultado de várias coisas. Beatles, Roberto Carlos, Jovem Guarda. É por isso que o meu trabalho é tão reconhecido por mais de três décadas e tenho admiradores espalhados por todo o país. Isso é muito gratificante.