Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Projeto leva estudantes da rede pública para assistir a filmes

Em seguida, debatem o que foi visto e conversam sobre as profissões que a área oferece

Sílvia Gomes tem 25 anos e nunca foi ao cinema. A jovem de sorriso largo empolgou-se quando anunciaram na sua sala que ela e os outros colegas de turma iriam assistir ao filme Tropa de elite 2 ; O inimigo agora é outro, no Cinemark Pier 21. Sílvia está no 3; ano do ensino médio do projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA) e estuda no Centro de Ensino Médio 1, o Centrão, de São Sebastião. Ela e outros 1.800 alunos de escolas públicas do Distrito Federal participarão do programa Vamos ao cinema, que garante, gratuitamente, sessões de cinema, debates e oficinas sobre a sétima arte.

Em 2007, enquanto assistia a uma sessão do filme Batismo de sangue, de Helvécio Ratton, Valéria Marcondes ficou incomodada com o baixo número de telespectadores e se questionou quantas pessoas gostariam de estar ali e não tinham a oportunidade. Foi a partir daí que a produtora cultural conversou com amigos, conseguiu o patrocínio da Petrobras e decidiu proporcionar sessões de cinema gratuitas para alunos de escolas públicas. ;Quis despertar o encanto com o cinema. A ideia é levá-los para um cinema de verdade, com todos os aditivos (pipoca e refrigerante) para que eles possam ver o filme do momento;, explica a idelizadora do projeto.

O Centro de Ensino Médio 1 de São Sebastião levará quatro ônibus para a sessão de hoje, às 21h. ;Todos estão muito eufóricos. A oportunidade é única e vamos discutir depois com os alunos as questões tratadas nos filmes;, conta a diretora Ineide Santini. Patrícia Cândido, de 18 anos, aluna do 3; ano regular vê no projeto uma chance nova para muitos alunos. ;Algumas pessoas não têm condição de ir para o cinema e os filmes agregam cultura e faz com que os jovens reflitam. É muito importante;, enfatiza. O colega de classe Paulo Ribeiro, 19 anos, avalia que a escolha de Tropa de elite 2 ; O inimigo agora é outro é atual e motiva a discussão política. ;Além de ser um filme brasileiro, fala de política, assunto que está no auge ultimamente com tanta corrupção;, diz.

Profissão
Em 2009, o projeto levou 2.800 alunos para as salas de cinema. Marcondes notou entre os alunos que cerca de 80% nunca tinham ido ao cinema. ;Não pretendemos só introduzir o entretenimento, mas explicar que isso pode se desdobrar para uma profissão. Queremos produzir um encantamento;, comenta.

O público-alvo são alunos do 8; e 9; ano do ensino fundamental, turmas do ensino médio regular e turmas do EJA. Nesta edição serão quatro sessões em salas com capacidade para 450 pessoas. Além de Tropa de elite 2 ; O inimigo agora é outro, o filme As melhores coisas do mundo será exibido. Após a sessão, haverá bate-papo com estudantes de audiovisual para dialogar sobre o cinema como carreira profissional.