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Diversão e Arte

No Arena, Marky Ramone e a banda Blitztkrieg tocam clássicos do punk rock

Parece uma maldição. Com a morte de Jim Morrison, o The Doors se transformou numa banda fantasma que percorreu durante algum tempo os palco do planeta, até com vocalistas convidados como o do The Cult, Ian Astbury, mas não vingou. A lista de bandas ;viúvas,; a procura de novos sons, é grande. Mas é pequeno o número de grupos que conseguem emplacar novamente no mercado com a mesma verve.

Blitztkrieg, grupo do ex-baterista dos Ramones, Marky Ramone, de 54 anos, em parceria com Michale Graves, ex-vocalista do Misfits, é um dessas bandas que deram a volta por cima e ainda tentam manter vivo o legado da ex-banda. Mas, ao contrário da maioria, Marky não está preocupado com os números do mercado musical e com o sucesso que fazia como baterista dos Ramones. ;As músicas dos Ramones são boas demais para deixarem de ser tocadas ao vivo;, conta Marky, em entrevista ao Correio.

Lendas
Quem quiser cantarolar Sheena is a punk rocker, Pet cemetery, KKK took my baby away, e outros 29 hits, pode chegar hoje no Arena, a partir das 22h. O show com as duas lendas do punk e, ainda, com Alex Kane (guitarra) e Clare B (baixo) terá uma hora e quarenta minutos de duração, aproximadamente. Além dos sucessos, eles também vão apresentar a música nova When whe are angels. ;Nós não queremos fazer um álbum, só lançar algumas músicas novas de vez em quando;, conta o baterista.

Marky se juntou aos Ramones em 1978. A difícil relação com álcool o fez perder o posto em 1983, quando foi substituido pelo baterista Richie. Quatro anos depois, ele ocupou novamente o seu lugar, onde permaneceu até 1996. Ele e Graves já se conheciam há algum tempo. Em 2009, Marky resolveu convidá-lo a se juntar a ele na Blitzkrieg. ;Na época, Graves estava viajando pelos Estados Unidos, fazendo som acústico. Eu queria que ele fizesse parte da banda porque o considero o melhor vocalista que o Misfits já teve;, diz.

UMA CEVERJA COM THE SQUINTZ
O ilustrador Paulo Rocker, de 29 anos, é megafã dos Ramones. A paixão começou desde a primeira vez que escutou Spider man, em 1996. ;Quase tive um infarto quando ouvi falar sobre a banda nova de Marky Ramone na rádio. A junção de Marky e Graves não tem como dar errado;, assegura. ;Estou emocionado com esse show. São caras que eu admiro muito, e há muito tempo;, enfatiza.

Ramones é a maior influência da banda de Paulo, da banda Gramofocas. Desde a forma de se vestir até a maneira de tocar e se portar no palco, tudo tem a ver com o quarteto novaiorquino. ;Meu baixo é um modelo Mosrite, que é a guitarra clássica do Johnny Ramone;, conta.

Hoje, o ilustrador vai poder ver de pertinho e, quem sabe, como planeja, até ganhar um autógrafo na camiseta surrada, do cara que fez parte da banda que inventou o punk rock. ;Ver ele tocando Ramones , seja com os Intruders, com alguma banda qualquer do Japão, com a Tequila Baby ou com quem quer seja é demais. Ainda mais com o rock do jeito que está hoje em dia. A nova geração tem que se inspirar muito nele;, destaca.

A abertura do show vai ficar por conta das bandas locais The Squintz e Gonorant$. Moa, de 26 anos, vocalista do The Squintz, conta que a banda está pegando pesado nos ensaios. Eles querem que saia tudo perfeito na hora do show. ;A presença dessas verdadeiras lendas vivas do punk rock nos deixa ainda mais empolgados e dispostos a fazer um set list com o máximo de energia que podemos fazer;, promete.

;Nem todos na banda começaram a ouvir Ramones na mesma época (haja vista a diferença de idade entre os integrantes). Mas o grupo americano sempre fez e sempre fará parte das preferidas de todo adolescente que tenha a oportunidade de ter algum contato com a cultura punk;, explica Moa. Não foi diferente com o The Squintz. Os meninos já planejaram até o que vão dizer a Marky e Graves: ;Vocês querem tomar uma cerveja com o The Squintz?;.

MEMÓRIA

Uma grande família
A aventura da banda estadunidense Ramones nasceu em 1974. Os quatro meninos de Forest Hill, Nova York, surpreenderam a cena local com o rock simples, tocado com três acordes. Joey, Dee Dee, e Johnny e Tommy Ramone, os primeiros integrantes, se conheceram na adolescência. Stooges, The Beatles, The Trashmen eram as bandas preferidas dos rapazes. Diz a lenda que, para homenagear o produtor Phil Ramone, batizaram a banda de Ramones e todos usaram ;Ramone; como sobrenome, como se fizessem parte de uma família.

A primeira apresentação do quarteto foi no bar CBGB, que veio a se tornar um clássico do underground nova-iorquino. Eles gravaram Ramones, o primeiro álbum, em 1976. O disco inspirou o nascimento de bandas como Sex Pistols, The Clash e de toda cena punk do Reino Unido.

Em 1978, Tommy foi substituído por Marky Ramone, que já havia tocado com Wayne County e Richard Hell and the Voivoids. CJ entrou no lugar de Dee Dee em 1989, quando o baixista resolveu seguir carreira como rapper Dee Dee King. Os 20 anos de história dos Ramones mexeram profundamente com várias gerações de jovens que celebraram o punk rock criado por eles. Dos quatro integrantes originais, três morreram: Joey (2001), Dee Dee (2002) e Johnny (2004). Permaneceu apenas Tommy, o primeiro baterista e que acabou virando produtor do Ramones.

MARKY RAMONE
Hoje, às 22h, show do ex- integrante dos Ramones com a banda Blitzkrieg e participação de Michale Graves (ex-vocalista do Misfits), no Arena Futebol Clube (SCES, Tc.2; 3224-9401). Abertura com as bandas locais Gonorant$ e The Squintz. Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia), antecipado. Pontos de venda: lojas Chilli Beans. Não recomendado para menores de 16 anos.