Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Quinteto Violado apresenta espetáculo só com músicas de Luiz Gonzaga

Menino em Campina Grande (PB), Marcelo Melo ouvia Luiz Gonzaga nos amplificadores da feira, nos LPs vendidos na loja do pai e em festas juninas. Já crescido, tornou-se músico e passou a ter a obra do Rei do Baião como referência quando, em 1970, juntou-se a Fernando Filizola e Luciano Lira para formar o grupo que viria a ser um embrião do Quinteto Violado.

Apresentado por Gilberto Gil a Roberto Santana, diretor da Philips (atual Universal Music), o conjunto, já com o nome de Quinteto Violado, gravou o primeiro disco, lançado no Teatro Tuca, em São Paulo, em 1972. O show trazia no roteiro uma nova versão de Asa branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), que, com linguagem inovadora, se tornaria definitiva.

O autor da música gostou muito do que ouviu. Logo em seguida, com Luiz Gonzaga, Gonzaguinha e Dominguinhos, o Quinteto iniciaria uma série de apresentações por faculdades paulistas, inaugurando o chamado circuito universitário. ;No primeiro encontro, Gonzaga entrou no palco com a famosa sanfona branca. Chorei de emoção;, recorda o vocalista e violonista.

[FOTO2]Marcelo Melo ; que hoje, às 20h, e amanhã, às 19h, estará no palco do Teatro da Caixa com Ciano (flauta e violão), Sandro (baixo), Dudu Alves (teclado e piano) e Raminho (percussão) no show Quinteto Violado canta Luiz Gonzaga ; lembra outro grande momento ao lado do rei do baião: ;Certa vez, viajamos juntos de Recife para Natal (RN). No meu carro, apenas nós dois, proseando durante sete horas ; ida e volta. Confiante, ele me contou quase toda a sua história. Seus amores, suas alegrias, suas mágoas;.

Daí para frente, quase todos os discos do Quinteto passaram a ter música de Luiz Gonzaga. ;Em 1983, lançamos pela Continental o LP Coisas que Lua canta, reunindo somente músicas do mestre. Antes, ele havia participado de dois outros discos nossos: Antologia do baião, de 1976, e Enquanto a chaleira não chia, de 1979;, conta Marcelo, único remanescente da formação original.

Chamado a falar sobre o grupo, Gonzagão, com seu linguajar característico, o descreveu com uma série de referências a ícones da rica cultura nordestina, que ajudou a construir: ;A sustança, o tutano do corredor de boi. A vitamina, a proteína. Padim Cícero, Frei Damião, Ascenço Ferreira, Lampião, Cego Aderaldo, Nelson Ferreira, Zé Dantas. Tudo isso é o Quinteto Violado;.

O show
Quinteto Violado canta Luiz Gonzaga, o show que o brasiliense verá neste fim de semana, foi apresentado em junho, no tradicional Teatro Santa Isabel, na
capital pernambucana. Diante da repercussão, o conjunto foi convidado a cumprir o circuito dos teatros da Caixa Econômica. Depois de levado a São Paulo, ao Rio de Janeiro e a Curitiba, agora é apresentado em Brasília. ;Para homenagear Gonzaga, criamos um espetáculo bem elaborado, característica do trabalho do Quinteto, contraponto ao que fazem essas bandas de forró de plástico;, provoca Marcelo.

Na abertura, será exibido um vídeo de três minutos sobre o homenageado, trazendo depoimentos dele. Em seguida, o Quinteto interpretará canções que marcaram a carreira de Luiz Gonzaga, como Asa branca, Assum preto, A volta da Asa branca, Boiadeiro, Cintura fina, Pau de arara, Peba na pimenta, Que nem jiló, Respeita Januário, Riacho do Navio, Vida de viajante e Xote das meninas.

QUINTETO VIOLADO CANTA LUÍZ GONZAGA
Show do grupo pernambucano hoje, às 20h, e amanhã, às 19h, no Teatro da Caixa (Setor Bancário Sul Quadra 4 Lotes 3/4). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Informações: 3206-6456 e 3206-9448. Classificação indicativa livre.