Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Renato Vasconcellos sobe ao palco para contar a história do jazz

Se a música instrumental em Brasília tivesse uma cara, seria a do pianista, compositor e arranjador Renato Vasconcellos. Professor do Departamento de Música da UnB, desde maio ele é coordenador de graduação da instituição, mas mantém-se em constante atividade artística fazendo apresentações em diferentes palcos da cidade ; sempre ao lado de outros instrumentistas, em duos, trios e quartetos.

No primeiro semestre, fez um show concorrido no Clube do Choro, e às terças-feiras cumpre temporada no Café Antiquarius (Pontão do Lago Sul), na companhia do contrabaixista Oswaldo Amorim. Com Amorim, Leander Motta (bateria) e Bruno Medina (sax), Vasconcellos forma a Banda Jazz Brasília, atração de hoje, às 20h, do projeto Quinta cultural, do Iate Clube.

;Vamos, neste show intitulado Antologia do jazz, contar musicalmente a história desse gênero que nasceu em New Orleans (EUA), no início do século 20, passando pelas diversas fases e por alguns dos mais importantes criadores, finalizando com a nossa bossa nova, que tanto foi influenciada como influenciou o jazz;, anuncia o pianista. ;Fizemos algo semelhante no auditório da Casa Thomas Jefferson;, acrescenta.

O roteiro proposto para o show começa pelo jazz tradicional de Duke Ellington (Take the ;A; train) e prossegue com o suingue de Jerome Kern e Oscar Hammerstein (All the things you are), a balada de Edward Heyman e Johnny Green (Body and soul), o bebop de Charlie Parker (Donna Lee), o modal de Miles Davis (So what), o hard bop de Horace Silver (Sister sadie) e o jazz waltz de Larry Morey e Frank Churchill (Someday my prince will come).

A parte brasileira do show, a ser apresentada no encerramento, reúne músicas de três mestres: as bossas Manhã de carnaval (Luís Bonfá) e Surf board (Tom Jobim) e o samba partido-alto April child, de Moacir Santos. ;Acredito que tenha criado um painel bem representativo para o tema proposto;, diz Vasconcellos.

SEMPRE EM GRUPO
Mineiro de Caratinga, Renato Vasconcellos chegou à capital com a família em 1974. Pertencente à geração Cabeças, começou a tocar profissionalmente dois anos depois, como integrante do grupo Chakras. Depois passou pelo Mafuá e pelo Quarteto Instrumental. ;Meu trabalho passou a ter um reconhecimento maior quando formei o Instrumental e Tal com Jaime, Beth e Andrea Ernest Dias, e mais o irmão Ricardo Vasconcellos, Evaldo Robson e Roberto Magalhães.;

Foi com o Instrumental e Tal que o pianista gravou Suíte Brasília, sua música mais conhecida, uma das 50 escolhidas pelo Correio como as mais representativas, na comemoração do cinquentenário da cidade. ;Fico feliz por saber que esse tema tem o reconhecimento do público e da crítica como um clássico brasiliense;, comemora.

Vasconcellos estudou jazz nos Estados Unidos e voltou àquele país no começo deste ano. Entre janeiro e março ; licenciado pela UnB ;, esteve à frente de oficinas de música brasileira na Universidade Louisville, em Kentucky. ;Dei aula para uma classe de 50 alunos, entre músicos e estudantes de música afro-americana. Montei um grupo para tocar choro, bossa nova, baião e frevo, e o resultado foi positivo;, comenta.

BANDA JAZZ BRASÍLIA

Show hoje, às 20h, pelo projeto Quinta cultural, no Iate Clube (Setor de Clubes Norte). Ingressos: R$ 20 (sócios) e R$ 30 (não sócios). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3329-8756.

PARA GRINGO LER

; O trabalho de Renato Vasconcellos se tornou conhecido nacionalmente depois que ele, entre as décadas de 1980 e 1990, integrou as bandas de Maria Bethânia, Simone, Leny Andrade e Beto Guedes. No ano passado, ele lançou livro ; com CD encartado ; sobre a prática dos diversos ritmos da música popular brasileira, voltado para o mercado internacional. A distribuição vem sendo feita pelo catálogo do norte-americano Jamey Aebersold.