Bruxelas - O cineasta alemão Wim Wenders está interessado em fazer um filme para contra-atacar o silêncio que a Igreja católica mantém em torno dos escândalos de pedofilia em meio ao clero, segundo explicou em entrevista à AFP.
O diretor de 65 anos, premiado por filmes como "Paris, Texas" (1984) e "Buena Vista Social Club" (1999), lançou um ataque contra seu compatriota, o Papa Bento XVI, por ele não "quebrar o círculo vicioso do silêncio" que reina sobre os casos de abusos de menores que sacudiram a Igreja católica nos últimos anos.
"A Igreja em seu conjunto, começando pelo Papa, ainda se inclina por esconder as coisas, mas os violadores merecem ser castigados", afirmou durante sua entrevista à AFP em Bruxelas, onde participou nesta quarta-feira em um ato de apoio ao cinema europeu e contra a predominância dos filmes de Hollywood.
O presidente da Academia Europeia de Cinema durante a última década está por trás de uma campanha na televisão alemã destinada a convencer as vítimas pedofilia que se apresentem e revelem o drama.
"A Igreja não pode ser protegida de forma alguma", afirma Wenders, que foi católico durante seus primeiros 20 anos de vida, mas que renegou a fé até redescobrir o presbiterianismo.
O cineasta entrevistou vítimas e leu testemunhos para apoiar a campanha alemã, que já permitiu que mais de 2,5 mil pessoas denunciassem os casos.
Wenders afirma trabalhar duro para incentivar que as vítimas, agora adultas, rompam o silêncio.
"Se você mantém o segredo, é o violador que ganha", explica. "Reprimir coisas é algo típico dos alemães. Estou considerando fazer desse assunto um filme", concluiu o diretor.